Projeto Arte, Consciência e Resistência celebra o Dia Nacional da Consciência Negra no Pelourinho

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Projeto aconteceu no Pelourinho maior celeiro da cultura negra de Salvador-Bahia


A comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra surgiu na segunda metade dos anos 1970, no contexto das lutas dos movimentos sociais contra o racismo. Considerando a importância desta data para autoestima e fortalecimento do povo negro na Bahia e no Brasil, o Grupo Cultural Ska Reggae juntamente com o Bloco de Afoxé Relíquias Africanas reuniram no emblemático 20/11/2023 artistas, poetas, músicos e técnicos potentes da cultura popular em um projeto inédito e necessário para manutenção da memória ancestral.  

O projeto teve inicio às 18h com um cortejo do Afoxé Relíquias Africanas pelas ruas do Pelô até o Largo Quincas Berro D’Água, atraindo olhares de baianos e turistas para o movimento percussivo e malemolente que o afoxé possui. Chegando ao largo o grupo se despediu do público presente, dando voz ao artista negro desconstruído e fluido com sua identidade de gênero. Atendendo com o nome de Ednei Willian, o artista multifacetado emprestou sua beleza negra, voz, cabeça consciente e pensante para interagir com o público através de poemas e textos elaborados por El@.  

Afoxé Relíquias Africanas

Dando início às apresentações artístico culturais ressaltando o empoderamento negro em prol da igualdade racial, o grupo “Bira Negros de Fé” apresentou o seu samba de roda com canções autorais e conhecidas pelo grande público. Entre samba de caboclo, música de senzala e cantigas populares que ressaltam a importância dos Orixás, o vocalista do grupo Ubiraci Policarpo destacou sua alegria em estar ali. Conforme seu depoimento emocionado “Fazemos música com amor, a nossa conexão é com os nossos ancestrais, estar aqui no 20 de Novembro é de uma importância inenarrável, ainda mais com a nossa parceira de longas datas Gal do Beco. Um momento único e memorável. Cantar samba para os nossos, para os antirracistas”. 

Bira Negros de Fé

A convidada do grupo, Gal do Beco, é conhecida em Salvador como a Dama do Samba, dona de uma voz e gingado inconfundíveis ela é a personificação da malandragem com seu chapeuzinho de bamba, toalhinha que absorve o suor do rosto marcado pelos anos de dedicação a cidade que lhe acolheu de braços abertos. Carioca de nascimento, Gal é filha da Bahia e não esconde o seu contentamento em ter feito neste chão sagrado sua trajetória na musicalidade afrodescentente “Eu vivo do samba, respiro o samba e entendendo que meus ancestrais se debruçava sobre esse gênero musical para aliviar as dores do sofrimento. Hoje posso cantar com alegria e embalar os corações amigos e é isso que sei fazer.  Que todo dia possamos falar livremente sobre a nossa cultura negra, não só em Novembro” pontuou Gal do Beco. 

Gal do Beco

Após a apresentação de samba, o projeto trouxe para o deleite do público, o artista baiano visceral e bastante esperado, um nome conhecido na cena do reggae local Edy Vox, que foi vocalista da banda “Papoula” por 15 anos. Em seu repertório, além das canções autorais, há uma diversidade de outros compositores já gravados por ele como Zeca baleiro, Raimundo Sodré, Raul Seixas, Djalma Luz, Herivelto Martins entre outros. Com 30 anos de carreira ele levantou o público com seu reggae potente e totalmente ambientado com a cenografia do espaço, que contou com manequins vestidos com as fantasias dos blocos de carnaval parceiros que na oportunidade lançaram seus temas para 2024, são eles: 

1. Bloco Ska Reggae – Tema: Religião Rastafari e uma homenagem a Lino de Almeida 

2. Bloco Afoxé Relíquias Africanas – Tema: Omolu, uma homenagem aos 25 anos da Caminhada Azoany 

3. Bloco Mutantes – Tema: Homenagem a Tia Ciata 

4. Bloco de Samba O Mangue – Tema: Homenagem aos Reis e Rainhas da Ancestralidade 

O encerramento do projeto ficou sob os tambores do Relíquias Africanas que fez uma saudação em agradecimento ao apoio do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura (Secult/BA), Centro de Cultura Populares e Identitárias (CCPI), a aceleradora de negócios e empreendimento negros Vale do Dendê, além da Bahiagás e o Pelourinho (Pelô da Bahia).  Destacando assim a importância de incentivos financeiros e midiáticos para que ações e atividades dessa envergadura permaneçam vivas, promovendo através da musicalidade e arte encontros com públicos interessados em ampliar seus conhecimentos sobre a importância do 20 de novembro para o legado negro e a cultura brasileira. 

Edy Vox

SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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