“Não existe ano perdido se salvamos vidas”, afirma o Sindicado dos professores que acreditam que a volta às escolas no dia 8 de setembro é uma decisão precipitada que põe a saúde de alunos e professores em risco. Na rede municipal de ensino surge uma resolução para que pais e mães possam optar que seus filhos permaneçam estudando em casa
Nesta quarta-feira (29), professores da rede pública estadual de ensino fizeram uma manifestação na Zona Sul da capital contra a volta às aulas presenciais, marcada para o dia 8 de setembro, se a pandemia não progredir no Estado.
A manifestação, que aconteceu numa carreata no bairro do Morumbi, foi organizada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), que acredita que a volta às escolas é uma decisão precipitada que põe a saúde de alunos e professores em risco. Além disso, o Sindicato pede salário e auxílio emergencial para professores temporários, que não tem salário fixo.
“O objetivo é dizer claramente ao governador do Estado que não aceitamos a volta às aulas presenciais de forma irresponsável e precipitada em 2020. Vamos cobrar um isolamento social horizontal total, com segurança sanitária e alimentar para toda a população. Não existe ano perdido se salvamos vidas. As escolas não possuem as mínimas condições de garantir a vida de todos, pois não tem funcionários e sequer material básico como papel higiênico. Vamos cobrar a instituição imediata do auxílio emergencial para todos os professores que estão passando necessidades e tem sido assistidos pela APEOESP com ações emergenciais de solidariedade”, afirma o Sindicato.
De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, a retomada das aulas seguem “medidas de contenção da epidemia, atendendo aos interesses da população e sem colocar nenhuma vida em risco. Essa decisão foi adotada após diálogo com representantes de professores, funcionários, alunos, pais e administradores de escolas privadas, seguindo as recomendações do Centro de Contingência do coronavírus”. A pasta também afirmou que os mais de 180 mil docentes estão recebendo seus salários regularmente.
Para o governador João Doria, a carreata desta quarta-feira tem cunho político, já que a presidente da Apeoesp é a Professora Bebel, deputada estadual pelo PT. “A Apeoesp tem um viés político. Não é de hoje, é de muito tempo. Respeitamos, evidentemente, mas é um viés político extremado. A deputada estadual que comanda a Apeoesp tem um viés que ela pratica sempre que possível à frente desta associação”, disse.
O governador também afirmou que ainda “não há confirmação final do dia 8 de setembro”, e que essa data deve ser definida até o dia 8 de agosto.
Para que os alunos voltem às escolas em setembro é preciso que todas as cidades do Estado estejam por 28 dias seguidos na Fase Amarela do Plano São Paulo de flexibilização. Ou seja: tudo depende da capacidade hospitalar e progressão da pandemia.
“Vinte e oito dias de fase amarela estará indicando uma estabilização consolidada, esperamos que várias regiões já estejam nas etapas verde ou azul. Esse período é o que vai indicar uma situação de segurança. Nós teremos os meses de julho e agosto para fazer as avaliações a cada ciclo de 15 dias”, explicou Carlos Carvalho, Coordenador do Centro de Contingência do coronavírus.
Na primeira etapa da retomada, que começa em 8 de setembro, apenas 35% dos alunos podem ocupar as salas de aula. Além disso, haverá revezamento: alguns estudantes continuam em casa assistindo as aulas online.
Na segunda etapa, ainda sem data definida, cerca de 70% dos alunos voltarão às escolas, mas tudo depende da permanência de 14 dias de, pelo menos, 10 Departamentos Regionais de Saúde do Estado na Fase Verde do Plano SP.
A terceira etapa, com 100% dos alunos nas escolas, também é definida pela Fase Verde do Plano SP, com a permanência de 13 Departamentos Regionais de Saúde por 14 dias.
Alunos e profissionais da educação vão ter que se adaptar aos protocolos de segurança:
- Higienização frequente das mãos;
- Fornecimento de água potável em recipientes individuais;
- Uso obrigatório de máscaras nas escolas e no transporte escolar;
- Horários de entrada e saída escalonados para evitar aglomerações;
- Recreios/intervalos com revezamento das turmas em horários alternados;
- Distribuição de Equipamentos de Proteção Individual para professores e funcionários;
- Distanciamento de 1,5m entre as pessoas, inclusive nas salas de aulas (excluindo a educação infantil).
AULAS NA REDE MUNICIPAL
Na rede municipal de ensino também há controvérsia sobre a volta dos estudantes às escolas. Uma resolução está sendo criada pelo Conselho Municipal de Educação para que pais e mães possam optar que seus filhos permaneçam estudando em casa. Com a resolução, a escola tem a obrigação de acompanhar o desempenho do aluno que não voltou para a sala de aula e não pode dar falta ao estudante.
“Ele [pai ou mãe] vai ter que assinar um termo tanto se a criança voltar, quanto se a criança ficar com a educação domiciliar. É importante pra Prefeitura e pra Secretaria de Educação ter esse termo porque ela tem que se planejar, ver quantas crianças não vão voltar e aí ela vai ter que fazer um planejamento para acompanhar essas crianças em casa”, explicou Rose Neubauer, presidente do Conselho.
Não existem as mínimas condições das escolas públicas voltarem. Em algumas escolas da zona sul nem água, torneiras, papel higiênico ou banheiros em quantidade adequada tem.
Não da para voltar às aulas nas condições atuais. A maioria das escolas estão com a infra estrutura deteriorada. Não existe papel higiênico, sabão, álcool gel ou mesmo sanitários em quantidade e condições suficientes. Muitas nem água tem de manhã.
Estaremos condenando milhares de professores, funcionários e crianças à morte.
Sem condições para um retorno seguro