Mais de 60% dos alimentos produzidos na Capela do Socorro e Parelheiros são frutas, folhas e hortaliças, legumes e grãos, raízes e ervas medicinais. No entanto, a comercialização desses produtos não chega a 30%, o que obriga os agricultores a exercerem outra atividade profissional para complementar a renda
Dados inéditos da Prefeitura de São Paulo revelam que 47% dos produtores rurais da Zona Sul, localizados entre Capela do Socorro e Parelheiros, ganham menos de R$ 1.000 por mês com a comercialização dos produtos.
Segundo o estudo “Quem são os produtores agrícolas da Zona Sul de São Paulo”, da série Informes Urbanos de maio de 2020, quase 80% do plantio da região Sul são frutas, 64% são folhas e hortaliças, 59% são legumes e grãos, 58% são raízes e 52% são ervas medicinais. No entanto, a comercialização desses produtos é baixa: fica entre 8% e 26%.
Por causa da baixa remuneração com a comercialização dos alimentos, 41% dos produtores não se dedicam exclusivamente à agricultura e tem outras fontes de renda.
“O registro dos dados sobre o que é plantado e o que é comercializado aponta para as condições de fragilidade e mesmo de vulnerabilidade da atividade econômica agrícola na região. A baixa remuneração obtida por grande parte dos entrevistados a partir da comercialização da produção é um dos fatores que explicaria, provavelmente, a busca de outras fontes de renda, quer na própria unidade produtiva, quer fora dela”, conclui o estudo.
A maioria (55%) destes agricultores têm entre 35 e 59 anos, tem apenas o Ensino Fundamental completo (45%) e trabalham em propriedades de pequeno porte (80%). Os dados são referentes a 428 unidades de produção agropecuária (UPAs) entre Grajaú, Parelheiros e Marsilac.
AGRICULTURA FAMILIAR NA PANDEMIA
Pesquisa do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura revela que 70% dos agricultores familiares tiveram queda na renda durante a pandemia. A consequente redução da demanda também derrubou os preços dos produtos e o volume das vendas.
Para 88% dos entrevistados, os produtos mais impactados pelos problemas da pandemia são o tomate, repolho e cebola. Os que não vão sofrer com a produção são o milho, feijão, cereais, batata e mandioca.
“Diante de um cenário pós-pandêmico, surge a necessidade de considerar a agricultura como um setor estratégico para a reativação da economia, sendo essencial fortalecer o desempenho dos agricultores familiares e os circuitos curtos de comercialização de alimentos”, disse Manuel Otero, diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura.
FALE COM A REDAÇÃO: reportagem@gruposulnews.com.br