Privatização do Hospital do Campo Limpo gera onda de protestos entre servidores da Saúde

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Desde o dia 1º de agosto o Hospital Municipal do Campo Limpo passou a ser administrado pela Organização Social Albert Einstein, o que gerou revolta em servidores da Saúde preocupados com a legalidade do processo, já que não houve abertura de consulta pública e chamamento de outras entidades interessadas na gestão.  Em novo protesto na Zona Sul, sindicato afirma que o prefeito Bruno Covas fugiu para não conversar com os profissionais da Saúde


Desde o dia 1º de agosto, o Hospital Municipal do Campo Limpo passou a ser administrado por uma entidade privada, a Organização Social (OS) Albert Einstein. Essa mudança de gestão tem gerado insatisfação em funcionários do hospital e servidores públicos da Saúde.

Um protesto já foi realizado em frente ao Hospital, organizado pelo Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindisep). “Os trabalhadores não sabem para onde irão. O hospital, que é referência da Zona Sul para ortopedia, neurocirurgia e saúde mental e o único público, pode causar ainda mais sofrimento à população pela perda de atendimento. Os recursos que serão repassados para a OSS podem ser investidos no hospital, de forma direta, para garantir o atendimento adequado para a população que, somente no distrito do Campo Limpo, contabiliza aproximadamente 650 mil pessoas”, afirma o Sindisep.

Uma audiência pública já foi realizada na Câmara dos Vereadores, liderada pela Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher. A Secretaria Municipal da Saúde foi convidada a participar mas não enviou nenhum representante, o que foi motivo de críticas das entidades participantes, como o Sindisep, o Conselho Gestor do Hospital do Campo Limpo, a Promotoria de Justiça e o Tribunal de Contas do Município.

“A preocupação maior expressada nas manifestações durante a audiência é com a possível descontinuidade dos serviços prestados e do destino dos servidores públicos que atuam no hospital. Um dos questionamentos mais recorrentes foi sobre a legalidade do processo, sem abertura de consulta pública e processo de chamamento de interessados”, informou a Câmara dos Vereadores.

“Parece que o governo não acha que deve satisfação à população e aos trabalhadores. Não é porque estamos numa situação de emergência que pode fazer uma concessão sem consulta”, argumentou Laudiceia Reis, uma das funcionárias do Hospital.

Na primeira semana da privatização, funcionários do Hospital entraram em contato com o Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo para informar que houve uma tentativa de mover servidores dos seus setores, sem que ninguém soubesse para onde iriam.

“Nossa orientação é clara: em hipótese alguma aceite a remoção de setor sem notificação por escrito da chefia. Além de um desrespeito, coloca o servidor em risco, podendo responder por estar fora de suas atribuições sem uma determinação expressa. O Sindsep também está exigindo, por meio de ofício à Secretaria Municipal de Saúde, que qualquer mudança seja feita de forma dialogada com os(as) trabalhadores(as), na presença do sindicato. O processo de aditamento sequer está concluído e o governo até agora não soube explicar que movimentação é essa feita por uma OS, sem chamamento público, aditamento ou respeito à lei”, alertou o Sindsep.

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que “o Hospital Municipal Fernando Mauro Pires da Rocha (Campo Limpo) é uma Unidade sob a gestão da pasta. Foi contratualizado o serviço de urgência e emergência com a Organização Social (OS) Albert Einstein, com ampliação de 30 leitos de terapia intensiva adulto e reativação do serviço de Cirurgia Pediátrica. Com esta contratualização, será possível a ampliação das atividades cirúrgicas eletivas, realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Com relação aos servidores da Unidade, houve apenas o remanejamento dos postos de trabalho dentro do hospital. Nenhum servidor foi afastado ou transferido para outra Unidade de saúde devido ao novo contrato”.

Na última quinta-feira (6), houve um novo protesto na Zona Sul: enquanto o prefeito Bruno Covas e o secretário municipal de saúde, Edson Aparecido, inauguravam um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS) no M’Boi Mirim, profissionais da Saúde se posicionaram com cartazes e pedidos para o cancelamento da privatização.

Mas, segundo o Sindsep, o prefeito fugiu e não conversou com os profissionais da Saúde. “Nem mesmo os apelos dos trabalhadores por respeito e para que o governo dialogue com trabalhadores e usuários, houve abertura da gestão. O prefeito fugiu dos manifestantes, em ato pacífico, pelos fundos da unidade em um Corolla preto”, informou o Sindicato.


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