Prefeitura fecha albergue em Santo Amaro que atendia 120 moradores de rua

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Além dos desabrigados perderem mais um local de atendimento, 17 funcionários ficaram sem emprego porque a Prefeitura “se mostrou desinteressada” em procurar um novo espaço para o serviço

 

Em março de 2019, a região de Santo Amaro perdeu um dos lugares mais importantes na área da assistência social e que, nessa época de inverno, é essencial para abrigar pessoas que moram na rua. O Serviço de Acolhida Pousada da Esperança, que desde 2001 era gerenciado pela Associação Rede Rua e todos os dias recebia cerca de 120 moradores de rua, foi fechado pela Prefeitura.
Além de espaço para dormir, cada pessoa atendida recebia comida, banho e acompanhamento assistencial para emprego, realização de documentos e currículos.
Os 17 funcionários da Pousada foram demitidos, inclusive cinco pessoas que vieram das ruas e trabalhavam no local. “Não se fecha 120 vagas sem oferecer outro projeto semelhante. As pessoas ainda estão lá na frente. Provavelmente aumentou o número de moradores”, lamenta Alderon Costa, voluntário da Rede Rua.
Segundo Alderon, a Prefeitura não deu justificativas para o fechamento do albergue e não se importou com a iniciativa da Associação de procurar outro espaço. “O prédio nunca foi adequado ao trabalho, mas nos últimos anos piorou. Como é alugado, a Prefeitura não tinha regularidade de manutenção e ai vai desgastando a estrutura. A Rede Rua procurou alguns prédios e a Prefeitura se mostrou desinteressada porque tem CTA [Centros Temporários de Acolhimento] na região”, disse.
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) informou, no entanto, que “o Centro de Acolhida Pousada da Esperança teve seu contrato rompido por problemas encontrados na documentação necessária para renovação contratual. Não foi aberta contratação emergencial porque o local apresentava riscos estruturais, tornando o ambiente impróprio para convívio”.
A SMADS assegurou que “foram articuladas vagas fixas para todos os conviventes do Centro de Acolhida que se distribuíram da seguinte forma: 27 conviventes foram encaminhados para vaga fixa no Centro Temporário de Acolhimento (CTA) Santo Amaro; nove para vaga fixa no ATENDE IV – Santo Amaro; 26 para vaga fixa no Centro de Acolhida Santo Amaro e duas para vaga fixa no CTA Vila Mariana. Um convivente estava internado no Hospital Santa Casa em Santo Amaro, um havia saído do serviço para moradia autônoma, um retornou ao convívio familiar e dois saíram do serviço autonomamente.
Para conviver nos serviços de acolhimento, tipificados pela Portaria 46/SMADS/2010, considerando a Norma Técnica Portaria 21/SMADS/GAB/2012 que norteia todos os serviços de atendimento à população em situação de rua, existem algumas regras decididas em assembleias, com os próprios conviventes. Horários, alimentação, uso das salas de TV e informática, banhos, dentre outras definições, são colocadas para que se mantenha a ordem e a boa convivência no local e a decisão de permanecer ou não nos serviços é do convivente.
O acesso aos equipamentos pode ser feito por meios dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), dos Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centros POP) e também por demanda espontânea”.

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