Os impactos psicológicos do possível retorno às aulas

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Muito se tem ouvido ultimamente sobre retorno às aulas, medidas de prevenção e melhores possibilidades para atender a todos, governantes, professores, responsáveis e alunos.

Mas será que é mesmo possível atender a todos com segurança?

Precisamos relembrar que estamos vivendo uma pandemia, que existe um vírus em circulação e que, por mais que muitos responsáveis dependam da escola não apenas como local de aprendizado, mas também como lugar seguro que oferece alimentação e cuidados nos momentos em que eles não podem oferecer, ainda assim o que precisamos colocar na balança é o bem-estar versus o atendimento de necessidades.

Algo que talvez não venha sendo considerado em primeiro plano é o impacto na saúde mental de nossas crianças, visto que responsáveis e professores não se sentem 100% seguros em estar na companhia uns dos outros, especialmente quando sabemos que os pequenos são grandes transmissores invisíveis do vírus que podem, em sua maioria, não representar riscos para si mesmos, entretanto, podem sim colocar em risco a saúde do corpo docente e dos familiares.

Um passo pra frente, três para trás

É claro que as crianças precisam de convívio social, é claro que brincar é importante, é claro que nosso ambiente de casa jamais substituirá a escola, é claro que nosso tempo e paciência jamais serão os mesmos dos nossos docentes, porém, precisamos aprender a respeitar o que é prioridade.

Pois, imaginem crianças inteligentes, com o convívio social em dia, com suas vidas retomando a normalidade e, repentinamente, tudo retrocede de forma que tenhamos que ceifá-los novamente e retornar ao isolamento social restrito?

Sim, precisamos avaliar as necessidades alheias, mas avaliemos que se nós, adultos, não temos as habilidades socioemocionais necessárias para lidar com isso, quem dirá nossos pequenos para viverem em um eterno trampolim social, onde eles não possuem o menor controle de suas vidinhas ou da escolha de com quem podem ou não conviver?

Agora é hora de reavaliar se vale mais uns meses de espera ou a possibilidade de mais um grande retrocesso que pode nos levar novamente ao abismo da incerteza.

Que todos possamos pensar juntos no assunto e que, no fim do processo, a melhor decisão prevaleça!


ELLEN MORAES SENRA é psicóloga, escritora, palestrante e professora universitária

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