A ONG é responsável pelo único time de handebol adaptado da capital paulista
Por: Luciana Paim
Utilizar o esporte como meio de inclusão social para atuar de forma significativa na vida de portadores de deficiência física e estender esses benefícios à família e à comunidade. Essa é a principal meta da ONG ICEL – Interação, Cultura, Esporte e Lazer, que completou 10 anos neste ano.
“Eu estava de férias e procurava um lugar para me exercitar e percebi que não tinha. Reuni um grupo de pessoas e deu certo. Inicialmente, a gente começou com cinco pessoas e atualmente são 25. Eu tive paraplegia: adquiri num acidente em dezembro de 1998, em uma queda de três metros de um mezanino, enquanto eu estava trabalhando. Até a gente entender o que iria acontecer foi difícil. Minha família ajudou bastante, acredito muito em Deus e isso me ajudou”, explicou Paulo Scarpelli, fundador do projeto.
A ICEL aderiu à prática do HCR4 (Handebol em Cadeira de Rodas) em 2013. O projeto teve aceitação imediata, resultando na primeira equipe de Handebol em Cadeira de Rodas da cidade de São Paulo. “A gente participa pouco das rodadas e etapas paulistas porque não temos cadeiras adaptadas e uma equipe competitiva”, explica o presidente da ONG e técnico do time, Sandro Brito Ribeiro.
A ICEL também promove cultura aos integrantes levando-os a eventos culturais como museus, musicais e teatro; além de passeios ecológicos, visitas a parques públicos para piqueniques. Os frequentadores também têm aula de Zumba Gold, trazida pelo professor Edmor Pereira. Essa modalidade de dança adaptada dá aos participantes a possibilidade de dançar como antes de terem suas limitações. “Para nós foi muito bom, porque muitos hoje que se encontram numa cadeira de rodas dançavam antes. E nossa participação na Fitness Brasil, que acontecerá entre 29 e 31 de agosto, já é muito esperada”, disse Sandro.
A ONG tem uma parceria com a FMU e oferece aos participantes do projeto, acompanhamento psicológico e fisioterápico. “O nosso interesse é mostrar para eles que a vida é difícil pra todo mundo, para eles um pouco mais devido a situação, mas eles podem passar por cima disso, só precisam de perseverança e vontade”, disse o presidente.
Evandro José de Araújo é lesionado medular com amputação, ocasionada por um acidente de moto em 2006. “Nunca se está preparado pra isso. Temos duas opções: lutar ou desistir. E eu decidi lutar. Fiquei sabendo do ICEL através de um jornalzinho, minha esposa falou para eu vir conhecer. Criei laços com outros cadeirantes e me identifiquei tanto com o esporte, quanto com o grupo”, explica.
Ruben Alves B. Filho tem esclerose múltipla (doença degenerativa) e perdeu os movimentos em 2012. Conheceu o projeto porque o pai ajudou um participante do grupo a atravessar a rua e, em uma conversa, soube da ONG. “Aqui eu fiz muitas amizades que me incentivaram. Hoje eu tenho uma vida normal entre aspas e deixei aquele trauma que eu estava”.
Para a professora voluntária, Thais Ricciadi Branco de Almeida, “é gratificante trabalhar aqui porque todo esforço que eles fazem é muito mais difícil que para os andantes”.
Para ampliar o atendimento, a ICEL precisa de ajuda para aumentar a infraestrutura. Entre as necessidades básicas estão médicos especialistas em geral; cadeiras de rodas esportivas, material esportivo para treinamento e atividades físicas, uniformes para treinamento e para jogos oficiais; quadra poliesportiva oficial coberta. “Ainda precisamos de sede própria, cadeiras esportivas para que a gente possa ampliar esse projeto. Vontade a gente tem bastante, mas precisamos um pouco mais”, conclui Paulo.
Para quem quiser conhecer o trabalho realizado pela ICEL, os treinos acontecem todos os domingos, das 10h às 12h, no CEU Cidade Dutra.
FALE COM A REDAÇÃO
Sugestões de pauta, envie email para: reportagem@gruposulnews.com.br