Ministério Público e Polícia Civil iniciam investigação para prender quadrilhas que vendem terrenos em áreas de preservação ambiental na Zona Sul

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Segundo investigadores, o crime organizado participa e lucra com a venda dos lotes ilegais em áreas próximo das Represas Billings e Guarapiranga. Dossiê aponta que mais de 10 áreas foram desmatadas no Jardim Ângela, Cidade Dutra, Grajaú, Marsilac e Parelheiros


Para tentar prender quadrilhas que desmatam áreas de preservação ambiental na Zona Sul de São Paulo, o Ministério Público iniciou uma força tarefa com a Polícia Civil. Os investigadores tem evidências de que o crime organizado participa e lucra com a venda dos lotes ilegais em áreas próximo das Represas Billings e Guarapiranga.

“De fato, há alguma coisa mais ampla, organizada e, portanto, nós também nos organizamos pra fazer frente a essas questões, com investigações criminais. O Estado não costuma estar nessas áreas, mas é importante que esteja”, afirmou Gianpaolo Smanio, procurador-geral de Justiça de São Paulo.

De acordo com um dossiê feito no ano passado pelo vereador Gilberto Natalini (Partido Verde), 90 novas áreas de Mata Atlântica foram desmatadas nos últimos cinco anos na capital paulista. Esse desmatamento derrubou 500 mil árvores, que estavam em Áreas de Proteção Ambiental (APAs), para construção de moradias irregulares e descarte clandestino de entulho.

Apenas na Zona Sul, cerca de 281 mil m² foram desmatados por causa da falta de moradia. Entre os distritos de Jardim Ângela, Cidade Dutra, Grajaú, Marsilac e Parelheiros foram identificadas 11 áreas invadidas ou desmatadas.

O dossiê denuncia que “para que os desmates criminosos passem despercebidos das autoridades e da população em geral, os responsáveis pelos ‘empreendimentos’ mantêm árvores nas bordas das áreas que estão sendo devastadas, de modo que as pessoas passam nas proximidades sem notar as clareiras abertas no interior da cobertura vegetal”.

As áreas citadas no dossiê somam quase três milhões de m². Um dos loteamentos visitados, na Av. Jaceguava, perto da Represa Guarapiranga, foi dividido em 500 terrenos de 125 m². Cada terreno é vendido a R$ 75 mil, um total de 37,5 milhões.

A venda ilegal de terrenos em áreas de preservação ambiental afeta também o saneamento dessas regiões. “Quando você coloca uma casa na beira da represa, não vai haver saneamento, então todo o esgoto vai ser mandado para a represa. Pra que a gente chegue a uma purificação dessa água, nós vamos ter que gastar mais dinheiro e mais tempo. Todas as grandes cidades do mundo estão aumentando o verde. Então, São Paulo não pode ir no sentido contrário”, explica o diretor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Marcos Buckeridge.

A Prefeitura informou que “conseguiu desfazer 153 compras de terrenos irregulares nessas áreas, movendo 1.077 ações na Justiça contra os envolvidos nessas negociações entre janeiro a novembro do ano passado”. A multa mais recente, em janeiro, foi de mais de R$ 3 milhões.


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