Janeiro Roxo é dedicado à conscientização sobre a Hanseníase, doença registrada há mais de mil anos, e que até o século 20 obrigava os pacientes a se afastarem do convívio social. Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma doença tropical negligenciada, é tratável e curável. Saiba mais sobre a condição, que é de notificação compulsória no sistema de saúde, e sobre o seu enfrentamento na rede municipal de saúde.
O que é a hanseníase?
A hanseníase é uma doença crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae (ou bacilo de Hansen), que afeta a pele e nervos periféricos, e caracteriza-se pela alteração, diminuição ou perda da sensibilidade térmica, dolorosa, tátil e força muscular, principalmente em mãos, braços, pés, pernas e olhos. A doença, que possui desenvolvimento lento, é transmissível e pode gerar deformações e incapacidades permanentes que geram um grande estigma social, se não for tratada.
Como a doença é transmitida?
A transmissão se dá de uma pessoa doente sem tratamento, para outra, após um contato próximo e prolongado, por meio de secreções das vias respiratórias (nariz e boca). Após o contágio, o indivíduo leva de dois a 10 anos para iniciar os sintomas. A maioria das pessoas tem resistência natural ao desenvolvimento da doença, que acomete principalmente indivíduos com baixa imunidade. Além das condições individuais, condições sociais desfavoráveis também afetam o risco de hanseníase.
Qual é a incidência da hanseníase no Brasil e no mundo?
De acordo com o Ministério da Saúde (Boletim Epidemiológico Especial da Hanseníase, 2022), em 2020 o Brasil registrou 17.979 casos novos da doença, o que corresponde a 93,6% do número de casos novos das Américas; no mundo, foram reportados à Organização Mundial da Saúde (OMS) 127.396 casos neste mesmo ano, sendo que Índia, Brasil e Indonésia respondem por 74% de todos os casos registrados.
Quais são os principais sintomas da hanseníase?
- Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo com perda ou alteração de sensibilidade;
- Área de pele seca e com falta de suor; com queda de pelos, especialmente nas sobrancelhas; com perda ou ausência de sensibilidade;
- Sensação de formigamento (parestesias) ou diminuição da sensibilidade ao calor, à dor e ao tato. A pessoa se queima ou machuca sem perceber.
- Dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas, inchaço de mãos e pés.
- Diminuição da força dos músculos das mãos, pés e face devido à inflamação de nervos, que podem estar engrossados e doloridos.
- Úlceras de pernas e pés.
- Nódulos (caroços) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.
- Febre, edemas e dor nas juntas.
- Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz.
Como é feito o tratamento da doença?
O tratamento disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é simples e eficaz, levando à cura dos pacientes e interrompendo a cadeia de transmissão da doença assim que iniciada a primeira dose. Ele é realizado nos serviços de saúde da rede municipal sem necessidade de internação. Os pacientes podem conviver com sua família, seus colegas de trabalho e amigos sem restrições.
Existe vacina contra a hanseníase?
Não existe uma vacina específica para prevenir a hanseníase, porém a BCG, normalmente aplicada no nascimento para prevenir contra a tuberculose, também reduz o risco de hanseníase, uma vez que os agentes causadores das duas doenças são semelhantes.
Qual a situação da doença na cidade de São Paulo?
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) desenvolve um conjunto de ações de vigilância que visam o controle e eliminação da doença, de acordo com os princípios do SUS, fortalecendo a vigilância epidemiológica, a promoção à saúde, a educação continuada e a assistência integral aos doentes. Desde o ano de 2000 o município de São Paulo alcançou o objetivo da Organização Mundial da Saúde de reduzir a prevalência de hanseníase para menos de um caso por 10.000 habitantes. Desde então, a detecção de casos novos vem diminuindo. Em 2022 foram diagnosticados 103 casos de Hanseníase na cidade de São Paulo (dados provisórios até o dia 5 de dezembro). Há dez anos, em 2012, foram 227 casos notificados. Todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município realizam consultas dirigidas à detecção da doença, e quando ocorre um caso suspeito, este é encaminhado a uma unidade de referência de hanseníase (UR), para a confirmação diagnóstica, tratamento, acompanhamento e exame da rede de contatos do paciente.
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