3 de março de 1972
Numerosa comissão de moradores da Vila Cruzeiro veio nos procurar, alarmada com a notícia de que a praça localizada nesse local seria aproveitada para confinamento de feira-livre, com sérios e notórios transtornos para todos.
No longo diálogo mantido com esses moradores desde logo sentimos a grande preocupação, uma vez que não existe argumento algum que possa justificar a transformação da única praça daquele local, em confinamento de feira-livre. Já encaminhamos ao ilustre Subprefeito, Dr. Mauro da Silva Arruda, o longo abaixo-assinado que nos foi encaminhado, sendo que na oportunidade S. Ex.ª demonstrou a maior compreensão e boa vontade no sentido de atender essa justa reivindicação dos moradores. Na audiência mantida com o Dr. Mauro da Silva Arruda, foi inclusive cogitada a possibilidade de se realizar melhoramentos para a referida praça, com o imediato ajardinamento e plantio de árvores. Para melhor conhecimento dos interessados e principalmente do Poder Público, eis na íntegra o abaixo-assinado que nos foi encaminhado:
“Exmo. Sr. Dr. José Maria Marin – D. D. Deputado Estadual
Os abaixo-assinados, moradores da Vila Cruzeiro, souberam que é plano da subprefeitura de Sto. Amaro indicar à comissão de abastecimento de São Paulo, a praça ladeada pelas ruas Cap. João de Godoy – Benjamim Mota e Pedro Nacarato para confinamento da feira-livre.
Estranhamos e repudiamos tal indicação, pelos motivos abaixo:
- O local é suprido por grandes supermercados, cooperativas de consumo, centro de abastecimento do SESI, além de mercearias, avícolas, quitandas, açougues, armazéns etc.
- Na citada praça foi feita há alguns meses todo calçamento e passarelas, faltando apenas o ajardinamento para conclusão das obras. Lembramos que as mesmas foram feitas por solicitações dos moradores do local.
- A praça é a única área verde existente nas imediações servindo de pulmões para purificação do ar já tão poluído, nesta região.
- Nas imediações só existem residências e o local é bastante tranquilo. É óbvio que com o confinamento da feira-livre, esta tranquilidade desaparecerá.
- As ruas que ladeiam a praça não são pavimentadas, são estreitas, o que é para todos bastante claro que estão longe de serem ideais para suportar o tráfego e o estacionamento de caminhões.
- Das três ruas que compõe a citada praça apenas a Cap. João de Godoy possui iluminação. Também é bastante óbvio que a construção de um confinamento proporcionaria local ideal para ajuntamentos de desocupados e marginais, fato que viria preocupar as famílias pois os estudantes do Grupo Escolar Plínio Negrão e Ginásio Estadual Dr. Ayres Neto passam por este local até altas horas da noite.
- Até hoje, embora não ajardinada a praça serve de local de divertimentos sadios das crianças da região que fogem ao grande movimento de veículos da Av. João Carlos da Silva Borges e rua Itararé.
Pelas razões expostas e que são justas, solicitamos de V. Ex.ª:
A – A não indicação da praça da Vila Cruzeiro como local para confinamento da feira-livre.
B – A extinção da feira-livre das terças-feiras na Av. João Carlos da Silva Borges – razão do projeto de confinamento.
Lembramos a V. Ex.ª que a limpeza no local é sempre deficiente e o lixo remanescente da feira se espalha pelas ruas adjacentes.
C – O imediato ajardinamento e plantio de árvores na referida praça.
Estamos certos do empenho que V. Ex.ª fará para nos livrar deste angustiante problema.
Seguem centenas de assinaturas.
SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br