“INFLEXÍVEL COMO O INFERNO – Um filme de Daniel Kfouri e Diógenes Moura” é uma construção visual que acompanha o processo de montagem da exposição, desde a chegada das obras até a abertura, em 18/09
O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura, apresenta o documentário “INFLEXÍVEL COMO O INFERNO – Um filme de Daniel Kfouri e Diógenes Moura”, em referência ao verso do livro homônimo de Jorge de Lima. O lançamento acontece no dia 11 de dezembro, sábado, às 14h30, no Teatro Ruth de Souza, localizado no museu, com a participação do curador da exposição Terra em Transe, Diógenes Moura, do fotógrafo Daniel Kfouri e de outros artistas participantes da mostra, em cartaz até 30 de dezembro no Museu Afro Brasil.
O filme é uma construção visual que acompanha todo o processo de montagem da exposição, dos bastidores até a abertura presencial, no dia 18 de setembro de 2021. O roteiro do filme segue o percurso da mostra e tem início na sala especial dedicada à fotógrafa Maureen Bisilliat. Na sequência vêm os núcleos da memória (início com a imagem do postal onde a narradora escreve para um familiar que “alugou dois negrinhos por 500 réis para servirem de mascote” na cena); a ditadura; as cidades; a arte e a religiosidade; o Brasil adentro entre abandono e queimadas; a sala especial dedicada à Covid-19, onde estão as fotografias recortadas dos jornais; o mundo de dor e prazer na existência de homens e mulheres transexuais; as ruas como telas; o crack; o carnaval; o abandono; os desastres de Mariana e Brumadinho e, finalmente, os gritos, os crimes, as rondas policiais, o instante final: a morte.
Exposição Terra em Transe
Realizada pelo Museu Afro Brasil e o Fotofestival SOLAR, com curadoria de Diógenes Moura e patrocínio do Governo do Estado do Ceará por meio da Secretaria estadual da Cultura, a exposição Terra em Transe fica em cartaz até 30 de dezembro de 2021 e é uma das indicadas ao Prêmio Arcanjo de Cultura de 2021 na categoria Artes Visuais. A premiação visa valorizar e reconhecer a cultura brasileira e seus artistas. Os vencedores serão divulgados no dia 8 de dezembro em cerimônia no Theatro Municipal de São Paulo.
Após a 1ª edição em 2018 no Museu de Arte Contemporânea do Ceará, a mostra em São Paulo foi atualizada e ampliada, com a adição de temas como as queimadas no Pantanal e na Amazônia, o incêndio na Cinemateca, o desastre ambiental de Brumadinho e a tragédia social provocada pela pandemia.
Ao todo, são 60 fotógrafos e cerca de 600 imagens reunidas na exposição, inicialmente programada para 2020, mas que precisou ser adiada devido à pandemia. “É um desejo antigo do Museu exibir aqui Terra em Transe, que discute temas viscerais do Brasil, trazendo à tona retratos das injustiças sociais, raciais e políticas do país”, afirma Emanoel Araujo, diretor curador do Museu Afro Brasil. “É uma oportunidade para o público conhecer o trabalho de importantes fotógrafos brasileiros, mas também para repensar a realidade nacional a partir de um novo ponto de vista, necessário, atual e contundente”.
“A partir de março de 2020, com o início da pandemia do Coronavírus, passei a recortar jornais sobre o assunto para uma colagem de textos e imagens que agora compõem uma sala especial na exposição”, revela o escritor e curador de fotografia Diógenes Moura, que passou sete meses em isolamento reunindo este material e desenvolvendo a atualização da exposição, para a qual dedicou mais de 20 anos de pesquisa.
No Museu Afro Brasil, novos artistas e trabalhos foram incorporados à exposição: Araquém Alcântara, Boris Kossoy, Carla Carniel, Dani Tranchesi, Daniel Kfouri, Michael Dantas e João Castellano (vídeo). Suas imagens e vídeos se juntam às obras originais da exposição, de autores como Miguel Rio Branco, Nair Benedicto, Maureen Bissiliat, Mario Cravo Neto, Evandro Teixeira, Marlene Bergamo e Lalo de Almeida, assim como ao trabalho de fotojornalistas de todo o Brasil destacando desde o AI-5, em 1968, até o incêndio no Museu Nacional em 2018, passando pelas manifestações religiosas, o caos urbano, os desastres ambientais e as desigualdades sociais e raciais no país.
“É assim desde Vidas Secas. Desde Deus e o Diabo na Terra do Sol. É assim desde Macunaíma, de Cabra Marcado para Morrer, de Carandiru. É assim por dentro de Bacurau”, afirma Diógenes Moura no texto de abertura da exposição. “Todos juntos Brasil adentro entre políticos infames em processo de putrefação, entre miniaturas de homens públicos querendo roubar o pão que o diabo já amassou, entre as florestas devastadas – a face do horror. É assim diante do olho por olho, dente por dente, da poética como ‘um saco vazio dentro da alma’, do luxo e do lixo gota por gota, do navio negreiro navegando por dentro das nossas veias, das cicatrizes que não se transferem.(…) De dentro da noite dos tempos um vírus desperta. A pandemia fecha as portas do mundo. A morte chega sem piedade: ‘Ar, ar, ar, por misericórdia!’. Milhares de pessoas são enterradas no coração do Brasil. No fundo do poço, o rei está nu. ‘Quer ser feliz? Vá viver no inferno das cuias. Lá é bem mais razoável’. É assim em Terra em Transe”.
Sobre o Museu Afro Brasil
O Museu Afro Brasil, localizado no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, dentro do Parque Ibirapuera, conserva, em 12 mil m², mais de 8 mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnológicas, de autores brasileiros e estrangeiros, produzidos entre o século XVIII e os dias de hoje. O acervo abarca diversos aspectos dos universos culturais africanos e afro-brasileiros, abordando temas como a religião, o trabalho, a arte, a escravidão, entre outros temas ao registrar a trajetória histórica e as influências africanas na construção da sociedade brasileira.
Inaugurado em 2004, a partir da coleção particular do seu atual Diretor Curatorial, Emanoel Araujo, o Museu construiu, ao longo de mais de 16 anos de história, uma trajetória de contribuições decisivas para a valorização do universo cultural brasileiro ao revelar a inventividade e ousadia de artistas brasileiros e internacionais, desde o século XVIII até a contemporaneidade. O Museu exibe parte do seu Acervo na Exposição de Longa Duração, realiza Exposições Temporárias e dispõe de um Auditório e de uma Biblioteca especializada que complementam sua Programação Cultural ao longo do ano.
Sobre o Fotofestival SOLAR
Com regularidade bienal, o Fotofestival SOLAR faz parte de um plano de fortalecimento da cultura e das artes por meio da fotografia, integrando o calendário de eventos estratégicos da Secretaria da Cultura do Governo do Estado do Ceará. A primeira edição do SOLAR ocorreu de dezembro de 2018 a abril de 2019, em Fortaleza. Reuniu fotógrafos, pesquisadores, curadores, artistas e o público em geral em momentos de profunda reflexão sobre os tempos vertiginosos que vivemos. Além de atividades de formação, oficinas, apresentação de portfólios, projeções e debates, o SOLAR contou com cinco exposições em diferentes espaços do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.
Sobre Diógenes Moura
Diógenes Moura é escritor, curador de fotografia, roteirista e editor. Premiado no Brasil e exterior, acaba de publicar Vazão 10.8 – A Última Gota de Morfina, pela Vento Leste Editora. Com O Livro dos Monólogos [Recuperação para Ouvir Objetos], também publicado pela Vento Leste Editora, foi semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura 2019. Em 2020, publicou O Antiacarajé Atômico – Dias Pandêmicos (Selo Exu de Dentro), livro escrito durante os sete primeiros meses da pandemia. Escreve sobre existência, imagem, abismo e abandono. Vive e trabalha em São Paulo.
Lista de fotógrafos participantes:
ADENOR GONDIM ANA CAROLINA FERNANDES AVENER PRADO BETO FIGUEIROA CARLOS MOREIRA CELSO BRANDÃO CELSO OLIVEIRA CLAUDIA GUIMARÃES DANIEL MOREIRA DANIEL SANTIAGO DANILO GALVÃO DANILO VERPA DIÓGENES MOURA (CURADOR) EDU SIMÕES ELZA LIMA ERIC GOMES EVANDRO TEIXEIRA FERNANDO JORGE GILVAN BARRETO GUY VELOSO HIROSUKE KITAMURA JOAQUIM PAIVA JUCA MARTINS LALO DE ALMEIDA LUIZ BRAGA LUIZ SANTOS MARCELO REIS | MÁRCIO LIMA MÁRCIO VASCONCELOS MARCO ALVES MARCUS LEONI MÁRIO CRAVO NETO MARLENE BERGAMO MAUREEN BISILLIAT (SALA ESPECIAL) MAURÍCIO SERRA MIGUEL CHIKAOKA MIGUEL RIO BRANCO MIRIAN FICHTNER NAIARA JINKNSS NAIR BENEDICTO NICOLAS GONDIM NUMO RAMA ORLANDO MANESCHY PAULA SAMPAIO RICARDO LABASTIER RICARDO SENA RICARDO TELES ROCHELLE COSTI ROSA GAUDITANO RUBENS FERNANDES JUNIOR UANDERSON FERNANDES VICTOR DRAGONETTI WAGNER ALMEIDA WANDERSON ALVES |
Versão Museu Afro Brasil 2021:
ARAQUÉM ALCÂNTARA BORIS KOSSOY CARLA CARNIEL DANI TRANCHESI DANIEL KFOURI JOÃO CASTELLANO (VÍDEO) MICHAEL DANTAS |
Serviço
Lançamento de “INFLEXÍVEL COMO O INFERNO – Um filme de Daniel Kfouri e Diógenes Moura”
Quando: 11 de dezembro, sábado, às 14h30
Local: Teatro Ruth de Souza – Museu Afro Brasil
Endereço: Parque Ibirapuera, Portão 10/ Estacionamento pelo Portão 3
Aberto ao público, limitado a 150 lugares
Ficha Técnica
Duração: 45 minutos (cor/pb)
Imagens/ensaios de Daniel Kfouri
Imagens/Drone de Toni Pires
Locução a partir dos textos que estão na exposição de Diógenes Moura
Exposição Terra em Transe
Visitação: 18 de setembro a 30 de dezembro de 2021, das 10h às 17h (permanência até as 18h)
Local: Museu Afro Brasil
Endereço: Parque Ibirapuera, Portão 10/ Estacionamento pelo Portão 3
Ingressos: R$ 15 (meia-entrada R$ 7,50)/ Entrada gratuita às quartas-feiras
SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br