ARTIGO | Para onde nos leva a estrada dos tijolos amarelos?

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No encerramento de seu desempenho público o cantor Elton John escolheu essa canção de despedida.Para mim parece uma dica reflexiva apropriada para o momento em que nos situamos.

Falemos sobre mentiras passadas, presentes e do que vem para o futuro. A mentira passada das mais divulgadas é a de que o amarelo da bandeira representa o nosso ouro.

Mentira em dúplice dimensão. O amarelo entra na bandeira porque representa a casa imperial dos Habsburgos, à qual pertencia Leopoldina, primeira imperatriz do Brasil. E o ouro que foi encontrado por aqui em abundância, provavelmente não saiu das terras onde dominaram os Habsburgos por quase trezentos anos. Decerto a Casa Imperial do colonizador fez uso do ouro brasileiro. Portanto, no Império, o ouro era dos Bragança, o verde da bandeira. E levaram o equivalente a dez anos da produção anual atual do metal.

E, consoante a mentira presente, o ouro não é nosso e, sim, dos que o extraem ilicitamente e ainda se lhes deu o poder de autodeclararem a permissão da lavra garimpeira que não permite a apuração da origem e o controle ambiental da atividade.

Trata-se, possivelmente, da mais amarela das lavagens de dinheiro perpetrada pelos cães e que se infiltra nas terras indígenas mediante a paga de sempre: os petiscos, tanto maiores quanto mais poderosos os que deveriam vigiar o solo.

A estrada dos tijolos amarelos leva à morte dos povos originários e quilombolas, no limite, à morte do Estado, que não consegue fazer cessar essa gritaria da coruja que uiva na mata.

Mas sabe o que o Estado deve fazer, se não quiser morrer? Derrubará seu avião.  E destruirá tuas pistas de pouso clandestinas onde circula o ouro que você certificou. Não seria demais que cuidasse de processar você e te fazer cumprir a pena cabível por estar nos obrigando a dar adeus à estrada dos tijolos amarelos.

Esperemos que mentiras futuras deixem de existir, mediante controles eficientes da produção do tijolo amarelo, cuja extração não destrua o ambiente, como se faz em Canaã dos Carajás, de nome e memória tão simbólicos.

Fique, enfim, a homenagem a esse notável cantor e compositor e a reflexão que ele nos ajudou a ter sobre o tema.

Wagner Balera é Coordenador do Núcleo de Estudos de Doutrina Social, Faculdade de Direito da PUC-SP


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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