Assistindo à Ópera ‘O Navio Fantasma’, no Theatro Municipal, pude contemplar a grandiosidade da história propondo uma interessante reflexão sobre o amor.
Para quem não conhece, a história narra a lenda do Holandês Voador, um capitão norueguês de um navio que foi condenado a navegar eternamente pelos mares, onde a única condição de quebrar esta maldição é encontrar um amor que verdadeiramente lhe ame.
A peça teve um tom escuro e sombrio, com poucas iluminações, evocando a sensação de muita angústia do protagonista ao público, ele blasfemou contra Deus e recebe essa maldição, em que começa acorrentado e com máscara.
Mas como encontrar um amor verdadeiro nestas condições? A orquestra enalteceu o tom melodramático de estar solitário pelos mares, enquanto Senta é filha de um capitão de navio, que atraca sua embarcação ao lado do Navio Fantasma.
Por estar vagando solitariamente por incontáveis dias, abraçar a solidão e a própria companhia pode ser um ato de amor próprio do ponto de vista humano da situação, mas a verdade é que a solidão em excesso deixa a mente de alguém maluca.
O Holandês Voador oferece uma fortuna ao Capitão pela mão da sua filha. Mas a maldição não é sobre comprar uma companhia ou ele mesmo se apaixonar. Na realidade, se ele se apaixonar por uma mulher, e a mulher não, infelizmente é problema dele, porque quem está vivendo a vida livremente é ela e ele se contentará em viver sua solidão forçada.
Mas Senta é uma mulher que sabe de sua história, antes mesmo de conhecê-lo já estava envolvida com outro rapaz, criando assim uma história de um triângulo amoroso, entre um homem livre e completamente apaixonado por Senta, e um desesperado pela sua liberdade.
O fato de Senta ser a primeira mulher a se relacionar com ele de verdade depois de anos coloca em xeque a sinceridade desse amor. Será que o Holandês se apaixonou pela oportunidade de criar sua liberdade, onde qualquer mulher no lugar dela o faria se apaixonar? Ou realmente se apaixonou por esta sua companhia nova?
Apesar de todo o contexto, ela realmente se apaixonou, ela fala sobre ele, canta as músicas dele, dá a entender que até passou a agir como ele. Pode ter sido torturante ser sozinho no mundo por anos, mas se é pra viver um amor com alguém que o ama plenamente, então valeu todos esses anos de espera.
Matheus Laube é jornalista do Grupo Sul News e formando na FAM
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