Leio a notícia de que às vésperas das eleições, a Petrobras intensifica o anúncio do corte de preços dos seus produtos. Apesar de estarmos próximos à eleição e da redução estar realmente acontecendo, quero crer que uma coisa não esteja ligada à outra. Isso seria inadmissível e até poderia configurar crime eleitoral.
A petroleira acaba de baixar o preço da emulsão do asfalto em 6,40%, da gasolina de aviação em 15,7% , do querosene (também de aviação) em 10,6%, e, nas últimas semanas, já diminuiu o valor da gasolina de automóvel e do óleo diesel utilizado na frota de transporte.
O correto e desejável é que haja sólidas razões econômicas e técnicas, tanto para a alta alarmante desses derivados de petróleo ocorrida nos últimos meses, quanto para a redução que hoje se verifica, e que a eleição seja apenas um acontecimento paralelo inserido no calendário, sem qualquer interferência na formulação dos preços.
[…] O mais indicado é rever essa política que penaliza todos os brasileiros e enriquece a empresa que, sendo estatal, não deve visar lucro além daquele que garanta a sua sustentabilidade. Também assustam as notícias do nível salarial dos dirigentes e das benesses cedidas aos funcionários, pois isso decorre do quanto pagamos pelo litro do combustível que consumimos.
[…]
Estamos vivendo o período eleitoral. Até o momento, não vimos nenhum candidato defendendo o fim dos supersalários que extrapolam os níveis constitucionais – burlados através de artifícios – e a redução dos gastos do dinheiro dos impostos com a manutenção do Estado perdulário. Há, no máximo, a grita de governadores e prefeitos que pedem maiores fatias do bolo arrecadado pela União, mas nada dizem sobre a baixa das alíquotas, que reduziria o tamanho do bolo.
Os vícios acumulados desde o descobrimento não podem permanecer como direitos adquiridos. O poder público não pode continuar enriquecendo a pequena parcela dos que conseguiram acessá-lo e ignorando a existência de milhares de necessitados que, com uma pequena parte do que hoje se gasta para a manutenção da ilha da fantasia, deixariam de enfrentar privações e, principalmente, de passar fome. Acorda Brasil!!!
Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) e escritor.
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