ARTIGO | Como acolher a criança que silencia após um trauma?

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Um psicólogo pode auxiliar no processo de elaboração das emoções, ajudando a criança a expressar seus sentimentos de forma saudável e segura

As escolas de todo o Brasil ainda estão em estado de choque após o país ter vivido recentemente dois eventos brutais de violência escolar: um ataque em uma instituição de ensino em São Paulo, que vitimou uma professora, e um atentado a uma creche em Blumenau (SC), que causou a morte de quatro crianças. Dados do Placon (Plataforma Conviva), sistema em que são registradas as ocorrências escolares, apontam que, em média, acontecem 108 ocorrências de agressão física a cada dia letivo nas quase 5.000 escolas de São Paulo.

Diante dessa complicada realidade, a procura por parte das escolas por palestras com temáticas de ansiedade, depressão, racismo, e outros, cresceu 15 vezes durante a primeira quinzena de abril.

Como psicólogo, quero ressaltar de antemão que não há uma fórmula pronta para lidar com esse tipo de situação, pois cada criança é única e tem suas necessidades específicas. Sendo assim, é fundamental observar as necessidades apresentadas por cada estudante, como sua capacidade de expressar e nomear as suas emoções, e informar como se sente perante a esses acontecimentos.

Um exemplo prático é que frequentemente uma criança acaba silenciando seus sentimentos e emoções perante uma situação traumática. No entanto, por mais que esse silêncio deva ser respeitado num primeiro momento, é crucial que os pais, pessoas e instituições próximas, como a própria escola, possam dar voz a esses sentimentos.

O núcleo familiar deve se sentir preparado para lidar com o assunto ou, caso perceba a necessidade, buscar apoio para poder apoiar a criança. Um psicólogo pode auxiliar no processo de elaboração das emoções, ajudando a criança a expressar seus sentimentos de forma saudável e segura.

Vale ressaltar ainda que, se tratando de episódios de violência vivida na escola, como são os casos que temos visto recentemente, não podemos esquecer ainda de assegurar esse acolhimento também para os profissionais da escola, que podem estar tão impactados quanto as crianças e também precisam desse tipo de ajuda ou suporte para retomar suas vidas.

Em casos traumáticos e tragédias é muito complicado tentar mensurar ou comparar o significado daquela dor em cada pessoa. O processo de cura pode ser demorado, mas estar ao lado de quem entende a dor pode ser acolhedor e impulsionador.

Rossandro Klinjey, embaixador e co-fundador da Educa. Educador, psicólogo e palestrante especializado em saúde mental


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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