ARTIGO | A violência crescente no futebol, dentro e fora dos campos

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O futebol brasileiro é marcado por casos de violência. E o número crescente de casos, desde brigas entre torcidas a ataques diretos aos jogadores têm gerado revolta entre dirigentes, atletas e também torcidas, reativando o alerta para violência dentro e fora dos estádios.

Desde o início do ano foram registrados 15 casos de violência, com uma média de 01 caso por dia, tendo sido o último mês responsável por uma escalada. Houve ataques a ônibus, brigas entre torcedores dentro e fora dos estádios, invasões de campo, vários feridos e até mortes. Um dos fatos mais graves ocorreu em 12 de fevereiro, nas imediações do Allianz Parque, após a derrota do Palmeiras na final do Mundial de Clubes. O motoboy Dante Luiz, membro de torcida organizada do Palmeiras, acabou morto, o que gerou inúmeros episódios violentos, com vários feridos.

Em 23 de fevereiro, botafoguenses e flamenguistas, após o clássico em um bairro distante do estádio, protagonizaram uma batalha com pessoas detidas e vários feridos. Mas não foi um privilégio apenas do Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, fatos semelhantes aconteceram. Na capital paulista, a consequência maior foram danos na estação Primavera da CPTM em Interlagos. No Espírito Santo, a batalha também foi bem longe das praças esportivas, demonstrando que independente dos resultados, alguns querem é o confronto.

No dia seguinte (24), um ônibus levando jogadores do Bahia foi atacado com uma bomba nas proximidades do estádio Fonte Nova antes do duelo com o Sampaio Corrêa pela Copa do Nordeste. Estilhaços da explosão atingiram o vidro traseiro e uma janela lateral, ferindo o goleiro Danilo Fernandes e o lateral Matheus Bahia. Na mesma data, após a eliminação na primeira fase da Copa do Brasil, jogadores do Náutico foram atacados, na van que os transportava, por torcedores do próprio clube, a caminho do Aeroporto Gilberto Freyre, no Recife.

Apenas dois dias depois, no dia 26, mais três casos de violência ocorreram em jogos dos campeonatos estaduais pelo país. Após a derrota do Paraná Clube para o União Beltrâo, que resultou no rebaixamento do time para a segunda divisão, houve invasão do gramado, antes mesmo do final da partida, e ocorreram agressões mútuas entre os atletas. Mais tarde, houve o apedrejamento do veículo que levava o Grêmio ao Beira Rio, em Porto Alegre, para a partida contra o Internacional. O meia paraguaio Mathias Villasanti, atingido na cabeça, foi hospitalizado com diagnóstico de traumatismo craniano. Evidente que após esse fato o Grêmio não disputou a partida.

Ainda no mesmo dia, o ônibus do Futebol Clube Cascavel foi apedrejado na saída do estádio Willie Davids, em Maringá, após duelo com os donos da casa pelo Campeonato Paranaense. Pelo menos desta vez não houve feridos.

Em 06 de março, torcedores atleticanos e cruzeirenses, horas antes da partida, protagonizaram mais uma batalha resultando na morte de um torcedor do Cruzeiro. A Polícia Militar identificou o suspeito de ser o autor do disparo, no entanto, mais uma vida foi desperdiçada pela paranoia de alguns.

Várias manifestações, contra a violência, têm surgido, principalmente nas mídias sociais, entretanto o que se vê é muito papo e pouca ação. A CBF decidiu criar um grupo de estudos para debater o tema, mas não tem tomado medidas efetivas para tentar diminuir as cenas de barbárie vistas nos últimos dias.

Alfredo Sampaio, presidente em exercício da Federação Nacional de Atletas – FENAPAF, criticou as entidades esportivas por não assumirem a responsabilidade e disse que o órgão enviou à CBF lista com sugestões para combater a violência.

A verdade é que passou da hora da CBF, Federações e Clubes tomarem atitudes mais enérgicas e concretas. Dentre as várias sugestões, afastar os arruaceiros dos gramados, pode ser uma delas. A outra, é permitir que nossa legislação coloque, efetivamente, essas pessoas em trabalho social durante as partidas.

A impunidade é um fator determinante para a manutenção deste quadro. Há a necessidade da elaboração de leis mais eficientes para coibir, controlar e punir a violência no futebol. Não basta só a repressão, é importante prevenir e, principalmente, educar para preservar a pessoa humana.

Dr Maurício Freireé ex-Delegado Geral da Polícia Civil do Estado de São Paulo

SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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