Celebração de aniversário marca o Maifest e Brooklinfest deste ano
Era 1975 quando um grupo de comerciantes do Brooklin, na Zona Sul de São Paulo, se reuniu com o objetivo de criar uma entidade para debater questões do comércio e do bairro. Nascia assim o Clube Lojista Brooklin (CLB), uma organização sem fins lucrativos que reivindicou melhorias na região. Um dos grandes apoiadores do projeto foi o Dr. Armando da Silva Prado Netto, o fundador da Gazeta de Santo Amaro que sempre esteve ao lado das organizações locais que buscavam fazer da localidade uma grande referência para o município.
Na década de 90, com o objetivo de atrair um maior público para o território e movimentar as lojas, a entidade passou a organizar as festas de rua Maifest e Brooklinfest, que homenageiam a cultura de países de língua alemã, uma vez que a extensão concentra muitos imigrantes germânicos.
Com o tempo, o clube transformou-se na Associação de Empreendedores do Brooklin, a AEMB, e seguiu na constante busca de melhorias pelo bairro. Um dos casos emblemáticos foi a revitalização das ruas Barão do Triunfo, Princesa Isabel e Joaquim Nabuco, durante a gestão de Marta Suplicy (2001 – 2004), que colocou um calçamento nas cores da bandeira da Alemanha (preto, vermelho e amarelo), e as floreiras com formato de barril de chope, que deram característica ao bairro, tornando-o ainda mais atrativo.
Em 2025, a AEMB celebra 50 anos, e hoje, seus esforços são especialmente na organização e realização dos dois festivais. A diretoria é composta pelo presidente Carlos Heinz Heying, os vices Ademar Távora e Pietro Iaconelli, os diretores Ana Delia Moreno e Jurandyr Marcondes, e o curador cultural Luiz Delfino de Andrade Cardia Filho.
“É impressionante você ter uma associação com tantos anos e tanta história. Atualmente, só cuidamos das festas porque infelizmente nosso grupo de trabalho é pequeno. Mas ajudamos comerciantes em questões do bairro”, afirma o presidente Carlos Heinz Heying.
Fotos: Giovanna Bicalho
A comemoração do cinquentenário está ocorrendo ao longo das festividades anuais da entidade. Em maio, o Maifest, uma celebração inspirada na chegada da primavera no hemisfério norte, reuniu 150 mil pessoas nas ruas do Brooklin, que aproveitaram comidas típicas germânicas como o Eisbein (joelho de porco), salsichão, chucrute e chope, além de apresentações culturais. A edição foi considerada uma das maiores de todos os tempos e atraiu pessoas não só de outros bairros, como de fora da cidade e do estado.
Para Luiz Delfino de Andrade Cardia Filho, o segredo para manter a associação e as comemorações por tanto tempo como sucesso absoluto de público está na construção de celebrações que valorizam a história da imigração dos povos de língua alemã no Brasil, indo além do estereótipo dos trajes típicos e caneco de chope sempre à mão. “Eu falo que é importante mostrar a multiculturalidade do festival: gastronomia, artesanato, música, dança, poesia, com diversa programação artística, os hábitos,a memória, mas também mostrar de onde vem esses imigrantes. Qual é a história deles? Qual é a memória? Foco muito no registro oral desses povos. Também temos um conceito, não é só colocar barracas na rua, mas saber de onde vem e para onde vai”, conta.
A jeito de organizar a grade cultural do evento, o curador realiza um extenso trabalho de pesquisa da imigração dos povos germânicos e das urbes que receberam essas pessoas. Ele também visita festas semelhantes em outros municípios do país e do mundo para acompanhar as novidades.
Em cada Maifest e Brooklinfest, uma cidade conhecida por receber povos imigrantes é homenageada, assim como instituições e personalidades. Além disso, cada edição ganha um tema com versão em português e alemão.
Embora seja marcada pela valorização da etnia germânica, a festividade também celebra o Brasil e outras populações além dos europeus. “Todos os municípios que são homenageados têm história com a imigração, mas são brasileiros. Também escolhemos condecorar personalidades brasileiras que podem ou não ter uma relação com a Europa. Instituições como a Academia Brasileira de Letras são frequentemente lembradas em nossas festas. Ainda estão presentes a gastronomia de diferentes regiões do Brasil e do mundo”, fala Delfino.
Fotos: Giovanna Bicalho
Brooklinfest
A 29ª Brooklinfest já tem data marcada e será nos dias 15 e 16 de novembro entre as ruas Princesa Isabel, Joaquim Nabuco, Barão do Triunfo e Bernardino de Campos.
Sob o tema Unermüdlich (Incansáveis), o festejo continua a celebração dos 150 anos do escritor alemão Thomas Mann, e irá irá condecorar o escritor Ignácio de Loyola Brandão, o jornalista João Carlos Albuquerque, além de homenagear o município de Paraty, os 90 anos da Paróquia Sagrado Coração de Jesus e o Memorial Amstad – Casa Cooperativa Nova Petrópolis do Rio Grande do Sul.
Além de comidas típicas de diferentes países, será o momento para aproveitar apresentações de danças, músicas e a oportunidade de estar em um espaço com estrutura, segurança e programação para toda a família.
“Já adianto que teremos a Orquestra da SOBEI, a Orquestra Big Band do Colégio Visconde de Porto Seguro, o coral da Lapa, o CORALUSP Azul da Universidade de São Paulo (USP), regido pelo André Joares. Também teremos uma surpresa de Minas Gerais e grupos de dança folclórica alemã de Pomerode”, revela Delfino.
O Grupo Sul News também estará presente com a exposição itinerante “Gazeta de Santo Amaro – Fragmentos da Nossa História”, que reúne arquivos desde 1960, ano de fundação da Gazeta, até 2025, com as publicações mais novas e as questões do nosso tempo. A mostra é uma oportunidade do espectador folhear matérias antigas, conhecer a trajetória de um dos jornais de bairro mais importantes de São Paulo.
Por Giovanna Bicalho
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