A confiança pode gerar força

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O fator confiança foi decisivo em muitas situações ao longo da evolução da humanidade, mas a ausência deste fator criou e ainda cria um buraco negro entre as pessoas onde uma ponte jamais pode ser construída e assim ninguém pode atravessar.

Quando ainda garoto prestava expediente numa mercearia na esquina de minha casa, sempre pela manhã, ajudava na venda do pão e leite, nos tempos do leite em litro e do pão em bengala ou filão. O dono da mercearia não fazia questão de receber quando as pessoas estavam sem dinheiro, ele marcava tudo numa caderneta, um caderninho com espiral: ali ia o nome, o dia e o valor. Todo seu faturamento estava ali, sem nenhum outro comprovante ou prova de que aquelas pessoas deveriam quitar seus débitos. Todo dia 10 de cada mês, aquelas pessoas da caderneta, sem exceção, lá compareciam para quitarem seus débitos e abrirem uma nova folha de débitos naquela caderneta. Lembro-me que o dono da mercearia sempre dizia que aquela caderneta era um símbolo de confiança em seus clientes e que nunca ninguém ficou sem quitar seus débitos.

A confiança hoje está em uma baixa terrível, e tudo começou quando o ser humano passou a não confiar nele mesmo e a pensar em coisas que poderiam lhe dar vantagem, criando nos outros imagens a sua própria semelhança, medindo os outros com sua própria régua.

São filhos que não confiam nos pais; pais que não confiam nos filhos; casais que vivem em plena desconfiança entre si; no mercado de trabalho então, nem vale comentar como a confiança está desaparecida.

Tememos que outros possam nos fazer coisas que jamais poderiam fazer e vamos nos precavendo tanto contra tudo e todos até terminar entrincheirados em um mundinho solitário, temendo até olhar por uma fresta de oportunidade. Ganhamos um presente de alguém e já vamos pensando: – o que será que está pessoa vai querer de mim? Parece que tudo funciona por interesse. Quando não confiamos nas pessoas, atribuímos a elas algo que nem sempre é verdadeiro.

“Em Deus tenho posto a minha confiança; não temerei o que possa fazer o homem”.

Mais do que temer os outros pela falta de confiança, devemos temer a nós mesmo em nossos pensamentos, julgamentos e visões distorcidas de quase tudo. Quando colocamos luz em nossos olhos o mundo fica iluminado.


CESAR ROMÃO é escritor e palestrante: www.cesarromao.com.br

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