A demissão, nos últimos dias, de mais de 15 mil funcionários das chamadas Big Techs, donas do Facebook, Instagram, WhatsAPP e outras plataformas, agitam o meio econômico. Na verdade, as operadoras estão corrigindo cálculos e planejamentos superestimados que fragilizam os seus negócios. Especula-se que pode ser o estouro da bolha que envolvia o setor, algo semelhante à inconsistência do mercado imobiliário norte-americano, ocorrida em 2008.
É cedo para se tirar conclusões, mas a sociedade tem de se manter atenta porque o crescimento das empresas de tecnologia lastreadas na internet absorveu importante setores que não podem entrar em colapso. Se vier a ocorrer, os prejuízos serão volumosos. As empresas, os trabalhadores e a sociedade não terão como movimentar suas finanças, disponibiIizar seus produtos ao mercado e executar todas as tarefas que hoje são desenvolvidas “online” e jamais poderão voltar aos métodos anteriores.
Os efeitos, sem dúvida, serão muito maiores do que os da crise imobiliária. Só um exemplo: os bancos, se não dispuserem do esquema tecnológico atual jamais conseguirão mão-de-obra suficiente para operar à moda antiga e, mesmo que a consiga, não terão capacidade para arcar com os salários.
Uma das justificativas para as demissões é cortar despesas porque o faturamento com publicidade não vem atingindo as metas estabelecidas. É de se supor que as empresas do setor ousaram tornarem-se gigantes e agora, diante da inflação alta – especialmente nos Estados Unidos e Europa – os anunciantes vem encolhendo os investimentos e, sem eles, não há como sustentar tanta gente.
Importante considerar que o mercado de comunicação e prestação de serviços pelo meio digital é um caminho sem volta. Apenas seus operadores precisam bem dimensionar sua capacidade de arrecadação para que seja suficiente para honrar os compromissos de investimentos e desembolso com pessoal e manutenção. Algo que não deve ser tão difícil quanto no setor público, onde os órgãos e empresas são travados pela legislação que dificulta corte de gastos.
As plataformas tiveram protagonismo nas eleições ao redor do mundo. Já participaram da mudança do panorama político em muitos países. As últimas eleições tiveram forte atuação das plataformas, aplicativos e redes sociais. Tanto que até sofreram censura por parte da Justiça Eleitoral que, por critérios próprios e discutíveis, vem banindo a participação de pessoas, inclusive parlamentares e do próprio presidente da República dentro do contexto de desarmonia entre os poderes da República.
Os problemas surgidos em campanha reforçam a tese do Presidente eleito, Lula da Silva, que há muitos anos sonha com o controle da mídia e da internet. O Congresso Nacional deverá nos próximos meses se debruçar sobre a regulamentação do setor. É prevista grande discussão porque uma lei que regule veículos de comunicação e internet pode ser inconstitucional na medida em que venha censurar o meio. Os parlamentares também precisam ter a coragem de adotar providências que evitem o exercício da censura por parte do Poder Judiciário, como vem ocorrendo ultimamente. Temos de buscar o aperfeiçoamento do meio e jamais o encurtamento de sua liberdade.
Quanto às Big Techs, há a esperança de que encontrem o seu ponto de equilíbrio e possam prestar serviços cada dia melhores a toda a população. O Twitter, agora com novo dono, é uma esperança de modernização e ampliação de serviços. Assim se faça.
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