ARTIGO | Um PIB para cada Brasil

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Embora no acumulado de janeiro a agosto deste ano o PIB brasileiro tenha crescido 2,76%, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central, acendeu um alerta. O recuo de 1,13% em agosto, na comparação com julho, foi a maior retração mensal desde março de 2021, quando registrou queda de 3,6%.

Se nos últimos dois anos enfrentamos a pandemia e os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, antes desses eventos, vínhamos sofrendo uma retração, nível pequeno de investimentos e alto desemprego. Nos 40 anos que antecederam 2022, a expansão de nosso PIB foi atrelada a condições favoráveis do mundo e a algumas medidas econômicas pontuais e mesmo assim crescemos abaixo do que poderíamos.

A letargia econômica tem afastado o Brasil dos padrões necessários à redução das desigualdades. Uma causa do nosso baixo crescimento é a desindustrialização, lembrando que a manufatura liderou a expansão do PIB até a década de 1980, quando sua participação foi superior a 20%.

Não é mera coincidência a queda de nossos índices de crescimento ser simultânea à retração fabril. Há uma direta relação de causa-efeito nesses indicadores.

O Brasil precisa crescer pelo menos 3% a 4% ao ano. Além do motor industrial, são prementes educação, saúde, fomento da economia verde e atendimento à agenda ESG (Environmental, Social and Governance). Nada disso será possível sem as reformas administrativa e tributária, adiadas desde a Constituição de 1988, e uma forte atuação do Estado como articulador de investimentos e intermediador do processo de desenvolvimento.

Eis os compromissos inadiáveis dos governos federal e estaduais e legislaturas que iniciam seus mandatos em janeiro próximo. Precisamos decidir qual Brasil queremos: o que continuará com nível pequeno de investimentos, desemprego alto e baixa competitividade/produtividade; ou uma nação dinâmica, próspera e capaz de prover bem-estar ao seu povo. Para cada uma dessas duas possibilidades de país teremos o PIB correspondente, ou seja, aquele que seremos capazes de fomentar. Para a indústria paulista, a escolha é clara: não devemos nos resignar à armadilha da renda média. Já perdemos tempo demais na conquista do desenvolvimento.

*Rafael Cervone é engenheiro, empresário e presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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