Após falhar com ações de mobilidade para aumentar o isolamento, Prefeitura retoma rodízio tradicional de veículos

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Os bloqueios nas principais vias da cidade e o rodízio 24 horas não foram suficientes para aumentar o isolamento social, que permanece abaixo de 50% em dias úteis. Caminhando para o lockdown, prefeito vê dificuldades na medida, por causa da circulação entre a região metropolitana com SP


Depois de falhar com um bloqueio de veículos em vias da capital e, novamente, falhar com o rodízio de 24 horas, a Prefeitura anunciou que o rodízio tradicional de veículos está de volta, a partir desta segunda-feira (18).

As duas medidas anteriores foram implantadas para diminuir a circulação de carros na capital e estimular o isolamento social, porém, não houve melhoras nas taxas de isolamento que permaneceram abaixo dos 50% em dias úteis.

“Não tem sentido a gente exigir esse esforço sobrenatural das pessoas se, do ponto de vista prático, a única razão para qual o rodízio (ampliado) foi feito, que é aumentar o isolamento social, não foi cumprida. Continuamos abaixo dos 50%”, disse o prefeito Bruno Covas.

Sendo assim, das 7h às 10h e das 17h às 20h, na área do centro expandido, não podem circular veículos com placas de finais 1 e 2 (nas segundas-feiras), 3 e 4 (nas terças-feiras), 5 e 6 (nas quartas-feiras), 7 e 8 (nas quintas-feiras), 9 e 0 (nas sextas-feiras). Aos finais de semana e feriados o trânsito é livre, em toda a capital, para qualquer placa.

Para o prefeito, mesmo com a volta do rodízio tradicional, as pessoas devem seguir isoladas em casa. “Vamos retomar o rodízio tradicional mas isso não pode ser desculpa para que as pessoas se sintam à vontade para retomar a circulação na cidade. Precisamos ampliar o isolamento rápido e estamos ficando sem alternativas”, afirmou Covas.

Uma das alternativas propostas é a antecipação de feriados municipais e um projeto de lei já foi enviado à Câmara dos Vereadores para análise. “Nos feriados municipais onde se comemoram os Corpus Christi e a Consciência Negra seriam excepcionalmente e somente esse ano pontos facultativos. Vamos manter a celebração das datas, mas sem o feriado obrigatório. Aproveitaremos o fato de que a maioria das pessoas não trabalha em feriados para garantir uma adesão ainda maior ao isolamento social. Vou sugerir ao governador João Doria que faça o mesmo e antecipe o feriado de 9 de julho para ganharmos mais um dia de pausa”, disse o prefeito Bruno Covas.

VIAS BLOQUEADAS

No dia 4 de maio a Prefeitura iniciou bloqueios em vias da capital. A ideia era criar congestionamento e fazer as pessoas desistirem de sair de casa. Porém, este trânsito prejudicou profissionais que trabalham em serviços essenciais: no bloqueio da Av. Moreira Guimarães, perto do Aeroporto de Congonhas, ambulâncias foram impedidas de passar pela única faixa que estava liberada e profissionais da saúde relataram atrasos para chegar aos hospitais.

Nos dois dias de bloqueios, a taxa de isolamento social na cidade de São Paulo atingiu 47%.

RODÍZIO 24 HORAS

No dia 11 de maio, a Prefeitura iniciou um rodízio de 24 horas: carros com placa ímpar só podiam circular em dia ímpar e carros com placa par só podiam circular em dia par. Inclusive aos finais de semana e em toda a cidade, não apenas no centro expandido.

Profissionais essenciais teriam que fazer um cadastro para conseguir a aprovação de circular pela cidade em qualquer dia. Aliás, aqueles que receberam multas por circular em dias proibidos não serão perdoados e terão de pagar.

Para suprir a demanda de quem migrou para o transporte público, 1.600 ônibus foram colocados nas vias. Segundo a Prefeitura, com este rodízio houve uma redução de 1,5 milhão de pessoas nas ruas e um aumento de 6,2% de pessoas nos ônibus, ou seja, mais 69 mil pessoas por dia no transporte coletivo municipal. De acordo com a SPTrans, “permanece o reforço dos 1.600 ônibus que foram incluídos na frota operacional desde 11 de maio, totalizando 8.394 veículos. Desta forma, a frota em circulação chega a 65,5% de um dia útil”.

LOCKDOWN EM SÃO PAULO

Após tentativas frustradas de aumentar o distanciamento social, a cidade de São Paulo vai caminhando para um lockdown, ou seja, um fechamento total da cidade em que apenas serviços estritamente essenciais funcionam. Porém, a Prefeitura vê um obstáculo para implementar o lockdown apenas na capital: o fato de muitos moradores da região metropolitana trabalharem na cidade e precisarem circular entre os municípios. “A capital não é uma ilha como a Nova Zelândia. Não somos isolados do mundo. Nossa região metropolitana é interdependente e nossas ruas se misturam. São 1.746 ruas que começam numa cidade e terminam em outra. Não há divisas. Temos que organizar isso juntos”, completou Bruno Covas.

Segundo o governador João Doria, o Estado de São Paulo não entrará em sistema de lockdown por enquanto, contudo, o Governo já tem pronto um projeto com as medidas mais rígidas de restrição. “Nos protocolos do comitê de saúde existe o lockdown, local e regional, mas neste momento ele não será aplicado. Nós estamos avaliando isso dia a dia, com cuidado”, disse o governador João Doria.

No Brasil, algumas cidades de alguns estados já estão em lockdown, como no Amazonas, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.


FALE COM A REDAÇÃO: reportagem@gruposulnews.com.br

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