Periferias da Zona Sul registram as maiores taxas de gravidez na adolescência

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Se em Moema o percentual de crianças nascidas vivas de mães com idade inferior a 19 anos é de 0,4%, os números vão subindo na periferia sul da capital paulista: 13,57% no Grajaú, 14,15% no Jardim Ângela, 16,53% em Parelheiros e 18,85% em Marsilac


É grande a desigualdade de políticas públicas para a Primeira Infância, revela pesquisa da Rede Nossa São Paulo no Mapa da Desigualdade da Primeira Infância 2020. Dados indicam que a desigualdade entre Moema e Marsilac chega a 53,4% quando o assunto é gravidez na adolescência.

Se em Moema o percentual de crianças nascidas vivas de mães com idade inferior a 19 anos é de 0,4%, os números vão subindo na periferia sul da capital paulista: 13,57% no Grajaú, 14,15% no Jardim Ângela, 16,53% em Parelheiros e 18,85% em Marsilac.

“A maternidade faz com que mães adolescentes passem a ter baixa perspectiva em relação à escolaridade e à futura inserção no mercado de trabalho. Ainda que o número de adolescentes com filhos tenha diminuído na última década, ele continua alto. De acordo com dados do IBGE, em 2015, 17,4% dos partos foram realizados em mães adolescentes, onde a maioria delas tem poucos anos de escolaridade, são negras e vivem em regiões menos desenvolvidas economicamente”.

O bairro de Marsilac também sofre com as altas taxas na mortalidade infantil: a cada mil partos, 24,6% das crianças não sobrevivem até completarem um ano de vida. Em Perdizes, bairro nobre da Zona Oeste, esse índice é baixíssimo: 1,1%.

Apesar do alto índice de mortalidade infantil, 14,8% das mães que moram em Marsilac fizeram todas as consultas do pré-natal, assim como outros bairros: Santo Amaro (9,1%), Moema (5,7%) e Itaim Bibi (5,4%). A Organização Mundial da Saúde indica que as mães façam pelo menos 8 consultas; já o Ministério da Saúde, no Brasil, indica ao menos seis consultas no pré-natal e uma no puerpério.

“Os investimentos vão ter que ser feitos de maneira desigual nos bairros mais desiguais. E quem mora nos melhores bairros vai ter que entender isso e conviver com determinadas questões, entendendo que isso é para o bem da cidade e qualidade de vida de todos nós”, acredita Jorge Abrahão, coordenador da Rede Nossa SP.

“Tudo tem seu tempo: adolescência primeiro, gravidez depois”

No início do mês, o Governo Federal lançou uma campanha que gerou polêmica nas redes sociais. Com o slogan: “Tudo tem seu tempo: adolescência primeiro, gravidez depois”, o Ministério da Mulher, Saúde e Direitos Humanos tenta frear a grande quantidade de jovens meninas que dão a luz: são mais de 430 mil mães adolescentes todos os anos.

A campanha não foi bem aceita por grande parte da sociedade que acredita que a abstinência sexual não é a solução para o problema, já que, além de evitar a gravidez, a ministra da pasta, Damares Alves, quer evitar o sexo precoce. “Conversamos com todo mundo: especialistas, pais, crianças, adolescentes; e tivemos a coragem de dizer ‘nós vamos falar sobre retardar o início da relação sexual’, além dos métodos contraceptivos que já existem, temos agora ‘reflita, pense duas vezes (antes de fazer sexo)’”, disse a ministra.

Segundo o Governo Federal, a campanha será veiculada na TV aberta e redes sociais até o final de fevereiro.


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