Neste ano de 2019, a Internet fará 50 anos. Nascida no berço da guerra, essa ferramenta de comunicação prometia revolucionar o mundo. Muitos cientistas se entusiasmaram com tal ideia e começaram a propagar as maravilhas da internet. Mas não somente parte da Ciência, os mercados também perceberam na ferramenta uma oportunidade de negócios.
Quando popularizada, surgiram as redes sociais. Elas começaram a centralizar um poder de distribuição de dados com os algoritmos. Hoje, um indivíduo não possui livre acesso à informação em sua página da rede social. Há um algoritmo que filtra as informações que supostamente o indivíduo vai gostar mais. No fim, todos estão fascinados pelo reflexo de Narciso.
O antigo discurso da democracia mudou para “se não está na internet, não existe”, promovendo uma desigualdade sem precedentes. E, juntando isso ao narcisismo, vai a pergunta: como se comunicar se eu só aceito o que é igual a mim? Ou seja, uns reagem com argumentos, outros com memes. Um exemplo disso foi a última eleição.
Já que não há comunicação, a vida se tornou solitária. Não é à toa que doenças psíquicas, como a ansiedade, o pânico e a depressão, também aumentaram. Elas estão relacionadas à falta de construção de vínculos sociais. Não creio que seja coincidência. Estamos cada vez mais conectados, mas cada vez menos em comunhão.
Quem realmente ganha com a internet é o mercado. Ele conseguiu impor uma aceleração turbo em nosso sistema capitalista. A concentração da renda aumentou ao passo em que a expansão de mercado se deu. Contudo, a que custo? Desmatamentos, extinção da fauna e flora, aumento da desigualdade, epidemias psíquicas como depressão e até suicídios. Esta é a vida que queremos?
LEONARDO TORRES é professor e palestrante, doutorando em Comunicação e pós-graduando em Psicologia Junguiana