Você já ouviu falar em pobreza menstrual? É quando a menina ou mulher não tem acesso aos produtos menstruais e saneamento básico. Vou explicar melhor: segundo a ONG ActionAid, uma em cada 10 meninas na África falta às aulas porque não se sente segura para ir à escola, seja pela falta de privacidade e segurança nos banheiros, seja por não ter produtos de higiene.
No Brasil, aproximadamente 24% das meninas entre 15 e 17 anos não têm condições financeiras para comprar os produtos necessários para utilizarem durante a menstruação e, assim, também perdem dias letivos por não poderem praticar suas atividades normais. Absorventes são considerados itens supérfluos e, por isso, recebem uma tributação maior, o que aumenta o preço final. A dignidade menstrual de meninas e mulheres ainda é um privilégio de classe. Você consegue imaginar ter que escolher entre comprar comida ou absorventes? Pois é.
Além do fator financeiro, outro item preocupante é a falta de saneamento básico e infraestrutura. Os dados divulgados pela ONG Trata Brasil retratam que 26,9 milhões de pessoas moram em lugares sem esgoto, 15 milhões não possuem acesso à água tratada e outras 1,6 milhão de pessoas sequer tem banheiro em suas residências.
Como consequência da pobreza menstrual, meninas têm sua educação e saúde mental comprometidas e podem sofrer com riscos à saúde por utilizarem materiais impróprios para a substituição do absorvente, o que pode acarretar infecções urinárias e vaginais.
Durante o mês de maio ocorreram iniciativas globais pela dignidade menstrual de meninas e mulheres. A quebra do tabu sobre menstruação só ocorrerá por meio do diálogo, do compartilhamento de conhecimento e pela criação de políticas públicas pelo fim da pobreza menstrual e pelo resgate da dignidade feminina.
MARIA RASSY MANFRON é mestranda do ISAE Escola de Negócios