De acordo com pesquisa, 31% dos pais afirmam que seus filhos estão preocupados com sustentabilidade e 33% com o futuro do planeta
De acordo com uma pesquisa quantitativa inédita realizada pela Bebok, em parceria com o Studio Ideias e o espaço ekoa, um terço das crianças brasileiras está preocupado com a crise climática e com o futuro que os adultos estão construindo para elas. Essa percepção é compartilhada por mil adultos, pais e mães de crianças entre 6 e 12 anos de todo o país, que participaram da coleta de dados.
O estudo completo, intitulado “O Mundo que Sei”, também incluiu uma pesquisa etnográfica com 170 crianças de cinco regiões de São Paulo, liderada pela antropóloga Adriana Friedmann. Composta por pesquisadores e pedagogos, sua equipe visitou escolas de diferentes contextos socioeconômicos: Comunidade Indígena Guarani Tekoa Pyau; Escola Municipal Amorim Lima; Wish School, em Tatuapé, na Zona Leste; a Comunidade Horizonte Azul; e o Lar das Crianças, na Zona Sul.
Ana Paula Yazbek, mestre em educação e diretora do espaço ekoa, destaca que as crianças estão cada vez mais ansiosas em relação às mudanças climáticas, o que reforça os dados recentes das pesquisas. “Percebemos, especialmente entre as crianças de 6 a 12 anos, uma crescente preocupação com o impacto dessas mudanças, tanto para o meio ambiente quanto para sua própria saúde”, comenta Yazbek.
Ela menciona exemplos recentes que intensificaram essa ansiedade, como as fortes chuvas no Rio Grande do Sul e o temporal em São Paulo no dia 11 de outubro. “Além disso, no final de setembro, São Paulo registrou a pior qualidade do ar do mundo, o que aumentou ainda mais a apreensão das crianças”, acrescenta
Na etapa da pesquisa quantitativa, 31% dos pais e mães participantes afirmaram que seus filhos estão preocupados com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. Além disso, 33% demonstraram preocupação com o futuro do planeta, enquanto 17% indicaram que esse público tem interesse em temas como aquecimento global e crise climática.
“Precisamos apurar nossos olhares para essa infância, aprender a reconhecer suas peculiaridades, desejos e anseios para saber como dialogar da forma correta. E isso não tem sido simples. O que percebemos na pesquisa é uma geração completamente diferente das anteriores e pais perdidos. Essas crianças têm um alto nível de consciência dos problemas do mundo porque têm acesso a informações e desinformações sem nenhum filtro. O problema é que isso acaba sobrecarregando-as e se convertendo em ansiedade. O mundo não está fácil para elas”, completa Fabio Guedes, sócio da Bebok.
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