Sem consenso sobre combustíveis fósseis, COP30 expõe desafios e mostra avanços

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Crédito: Divulgação

Documento final não cita combustíveis fósseis, mas encontro deixa sinais de mudança e novos compromissos internacionais

A COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), em Belém do Pará, chegou ao fim oficialmente na última sexta-feira (21), com a finalização dos trabalhos somente no sábado. O motivo da discrepância na data final foram as duras negociações sobre o fim do uso de combustíveis fósseis.  

Essa matriz energética tão poluente e prejudicial ao meio ambiente dominou a COP deste ano, sendo considerada o principal tema. No entanto, as negociações foram um grande impasse, e no final, o documento produzido pelo encontro não trouxe menção aos combustíveis, nem sequer um calendário para tirá-los de uso, proposta que havia sido feita pelo Brasil. 

Apesar de o tema não ter avançado e frustrado ambientalistas, os especialistas na área veem pontos positivos na COP 30 e celebram algumas conquistas. “Foi a primeira COP na Amazônia, o que influenciou na tomada de decisão, teve a participação dos povos originários e teve a voz ativa do povo. Não acho que demos um passo para trás em não ter combustíveis fósseis no acordo final. Quando a gente fala em combustíveis fósseis, estamos falando de grandes economias que dependem disso, então era claro que uma única COP não iria resolver tudo, mas começamos a falar, o primeiro passo já foi dado e é uma vitória inestimável”, explica a bióloga e engenheira ambiental Débora Fraga.    

De fato, as conversas na COP começaram a surtir movimentações para frear o uso de combustíveis fósseis. A primeira foi anunciada na própria sexta-feira, 21, pela ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Irene Velez, que aquele país irá realizar uma nova conferência em abril de 2026 para discutir um Tratado de Não-Proliferação de Combustíveis Fósseis. A iniciativa conta com o apoio de diversos países.  

A COP 30 mostrou a ponta do iceberg para o mundo. Mas, para resolver as mudanças climáticas será preciso ir além de medidas paliativas e realmente criar esforços que modifiquem a forma como os seres humanos utilizam os recursos naturais da terra. Mas os ambientalistas alertam que, assim como aconteceu em todas as COPs e nessa não foi diferente, os países ricos precisam entrar no jogo, serem responsabilizados e não barrarem a justiça climática e social, que andam de mãos dadas. 

“Os países mais pobres não levaram a essa situação. Foram aqueles que desmataram suas florestas e industrializaram suas economias. Agora os países ricos propõem medidas como o mercado de carbono. Mas essas medidas muitas vezes se parecem com convenções para discutir o futuro da descarbonização para países em desenvolvimento e não a descarbonização para países já desenvolvidos. Estamos criando diversas moedas de troca que fazem com que os países em desenvolvimento caiam cada vez mais os seus índices para que os países desenvolvidos continuem sempre em uma crescente”, comenta Débora. 

A COP 30 é ainda mais emblemática quando lembramos que o país mais rico e poluidor do mundo (Estados Unidos), não esteve presente e nem apoia medidas ambientais e de enfrentamento à crise climática. 


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br 

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