Paternidade, direitos e inclusão: os pais que lutam por seus filhos com deficiência

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Jacques e Daniel; Ronald e Ana Carolina

Os desafios e questionamento dos pais de pessoas com deficiência

Para alguns pais, a missão de cuidar e educar conta com desafios mais. Eles passam por questionamentos diários como:  “O que acontecerá quando eu não estiver mais aqui?”; “Meu filho será capaz de cuidar de si mesmo no futuro?”; “Quem vai apoiá-lo com amor e atenção?”. Esse é o caso dos pais de Pessoas com Deficiência (PcDs), que com força, paciência, amor incondicional, lutam constantemente por inclusão, dignidade e um futuro seguro para seus filhos.

Pai de Ana Carolina Alcântara Gomes, Ronald Gomes lembra do momento em que recebeu o diagnóstico da filha: “O médico disse que ela não ia conseguir andar nem falar”. Mas com as inúmeras atividades de reabilitação que fez desde cedo – incluindo fisioterapia, equoterapia e escola especializada – Ana contrariou os prognósticos, aprendeu a ler, a escrever e a se comunicar, conquistando sua independência. “Hoje ela se desloca sozinha pela cidade, pega condução, vai aonde quer. A maior preocupação agora é o futuro, quando não estivermos mais aqui. Mas sabemos que ela está bem encaminhada”, relata Ronald, emocionado.

Já Jacques Eugene Lucien Rachmann Cohen, pai de Daniel Jacques Cohen, destaca os desafios menos visíveis enfrentados no cotidiano. “Andar sozinho ou pegar transporte público pode parecer banal para alguns, mas é uma dificuldade real para pessoas com deficiência intelectual. Ainda falta preparo na sociedade, e isso isola nossos filhos”, afirma. Ele também expressa a inquietação que compartilha com tantos outros pais: “Por ser filho único, a pergunta que fica é: como será o futuro dele quando não estivermos mais aqui?”

Ronald e Jacques integram o Grupo Chaverim, instituição que atua há mais de 30 anos na socialização de jovens com deficiência intelectual, promovendo autonomia por meio de atividades sociais, culturais e de convivência. “Esses pais vivem realidades duras que exigem muita resiliência, em uma sociedade que ainda não reconhece plenamente pessoas com deficiência como sujeitos de direitos”, afirma o Defensor Público e conselheiro do Grupo, André Naves.

Para o Defensor Público, histórias como essas escancaram a necessidade de um olhar mais humano e eficiente das autoridades e dos legisladores para a formulação de políticas públicas que realmente apoiem esses indivíduos, em maior profundidade.

“As famílias fazem sua parte com coragem e dedicação, mas é papel do Estado garantir que pessoas com deficiência possam viver com dignidade e autonomia. Precisamos estruturar uma rede de apoio que vá além da boa vontade individual, para que nenhuma família enfrente estes desafios sozinha”, enfatiza Naves.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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