Operadora alega estar dentro do prazo, mas não informa datas
Ônibus elétricos em uma garagem no Jabaquara, zona Sul da capital paulista, têm. E têm bastante. São ao menos 33 veículos, cada um custando cerca de R$ 3 milhões. Carregadores para as baterias também têm e não é pouca coisa: 16 equipamentos, cada um pode atender dois veículos.
Mesmo assim, os cerca de 370 mil passageiros que usam todos os dias as 50 linhas da empresa Mobibrasil, sendo 115 mil somente nas 25 linhas da região, ainda precisam pagar R$ 5 em cada viagem para andar em diversos ônibus com idades entre 10 e 13 anos porque estes elétricos novos, com ar-condicionado, Wi-Fi e que quase não fazem barulho, não têm energia para rodar. A população, por meio de financiamentos públicos obtidos pela prefeitura na ordem de R$ 5,75 bilhões paga ou vai pagar ainda por esta eletrificação, mas não usufrui.
O motivo, segundo a empresa, é que há quase um ano a ENEL não faz a ligação necessária para adaptação da rede de fornecimento que permitiria com que houvesse energia elétrica suficiente para estes ônibus estarem onde deveriam faz tempo: nas linhas atendendo os passageiros.
A situação tem prejudicado toda a cadeia de transportes:
– A população, que não pode contar com ônibus melhores, apesar de os financiamentos para esta frota serem públicos;
– As operadoras de transportes, que estão proibidas de comprar modelos a diesel novos, sendo obrigadas a comprar os elétricos, mas não conseguem colocar para rodar e pagam a manutenção mais cara que os velhos exigem;
– As fabricantes de ônibus, componentes e carregadores, uma vez que a prefeitura obteve linhas de financiamento de instituições como BNDES, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil na ordem de R$ 5,75 bilhões; mas, pelas regras, os fornecedores só recebem depois do início das operações;
Manoel Pereira, gerente operacional da garagem da Mobibrasil, disse que somente oito dos 33 ônibus conseguem rodar. Se forem carregados mais, a energia do bairro não aguenta e pode até haver um apagão no bairro do Jabaquara.
“A gente solicitou a ligação do modelo de operacionalização ideal para a ENEL em julho do ano passado, com o primeiro contato em abril já demonstrando a necessidade de eletrificação. Até agora, sem sucesso. Nós temos aqui na garagem 200 ônibus, 33 elétricos. Nós estamos operando com oito coletivos apenas porque nós não temos energia para os demais. Nós temos hoje funcionando dois carregadores, cada um carrega dois ônibus por vez, mas temos aqui instalados 16 carregadores que não recebem energia.” – contou.
Em nota, a ENEL diz que está dentro do prazo acordado com a MobiBrasil, mas não detalhou as datas.
Com informações de Diário do Transportes
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