Segundo turno foi criado com o objetivo de garantir maior representatividade nas eleições majoritárias
A lógica parece simples, realiza-se um pleito eleitoral e o mais votado é o eleito. No entanto, existe o segundo turno, mesmo que um dos candidatos tenha “ganhado” dos demais. Mas afinal, por que isso acontece?
Para entender o fundamento do segundo pleito é preciso voltar um pouco no tempo e na história das eleições no Brasil. Por muito tempo, o país sofreu com as fraudes eleitorais e a intimidação ou proibição de votação por certos grupos, como mulheres e analfabetos. Também passamos por um período de ditadura militar que durou 21 anos (1964 a 1985), em que a população foi impedida de escolher seus representantes.
Com a redemocratização e promulgação da Constituição Federal de 1988, as eleições voltaram a fazer parte da vida dos cidadãos e uma das medidas para fortalecer a democracia e garantir maior representatividade nas eleições majoritárias foi a criação do segundo turno.
No sistema eleitoral brasileiro, o segundo turno ocorre em eleições para presidente, governadores e prefeitos de cidades com mais de 200 mil eleitores, quando nenhum candidato obtém mais da metade dos votos válidos (50% mais um) no primeiro turno. Essa regra é válida apenas para cargos executivos e não se aplica às eleições legislativas, onde o sistema é proporcional.
O nexo por trás do segundo turno é permitir que o candidato escolhido tenha o apoio da maioria dos eleitores. No primeiro turno, os votos podem se dispersar entre diversos candidatos, o que torna mais difícil atingir a maioria absoluta. Se nenhum candidato alcançar essa maioria, realiza-se o segundo turno com os dois mais votados, garantindo que o vencedor seja escolhido pela maioria dos eleitores.
O primeiro uso do segundo turno foi nas eleições de 1989, para a presidência da República. Desde então, o sistema tem sido uma peça-chave para assegurar que candidatos em posições de liderança tenham ampla legitimidade popular.
Em São Paulo, desde a redemocratização, houve um total de nove eleições municipais até o momento, contando o pleito de 2024. Em quase todas, houve segundo turno para prefeito, com exceção de 2016, quando João Doria derrotou Fernando Haddad, em primeiro turno, com 53,29% dos votos válidos.
Neste ano, o segundo turno acontece no próximo domingo (27), e terá a disputa entre Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB).
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