Advogado especialista em Direito Educacional escreveu livro para que professores possam trabalhar em sala de aula a prevenção ao bullying e ao cyberbullying
Era o ano de 2009, quando a pequena Maria Eduarda, no auge de seus cinco anos, pegou um livro para brincar e acabou rabiscando. Seu pai, o advogado Clayton Fernandes Martins Ribeiro, um amante dos livros, ficou estarrecido com a situação e pensou em uma maneira para ensinar a pequena que os livros não deveriam ser rabiscados.
Com formação em filosofia e Direito Educacional, a ideia não poderia ser outra. Clayton então desenvolveu uma história com enredo educativo para explicar à filha sobre os cuidados com os livros. A ficção “A Cidade dos Livros: A Origem”, traz personagens impossíveis de esquecer, como a vilã Angilam, que ao entrar na cidade dos livros tem atitudes crueis de destruir obras literárias, e ao longo da narrativa passa por um processo de regeneração e torna-se bondosa e caridosa, deixando o ato de destruir os livros no passado.
A pequena Maria Eduarda gostou tanto da história que assim como Angilam, nunca mais riscou um livro. Com isso, Clayton levou o livro para as escolas e professores como forma de ajudar a explicar aos pequenos a importância dos escritos.
A obra fez tanto sucesso, que agora em 2024, o autor foi convidado a fazer uma nova versão para abordar o bullying e o cyberbullying. O novo livro, “A Cidade dos Livros: O desafio do Bullying e Cyberbullying”, foi uma iniciativa que surgiu em detrimento do sancionamento da Lei 14.811, que não só tipificou o crime de bullying e cyberbullying como obriga que toda a comunidade escolar tenha conhecimento sobre o que são os crimes.
Com isso, o advogado desenvolveu uma história interativa que ensina aos pequenos, dos anos iniciais da educação, sobre o que é o bullying e o porque não deve ser praticado. Abaixo você confere a entrevista com Clayton para falar de seu livro e sobre a Lei 14.811. Abaixo, a entrevista na integra.
Grupo Sul News: Nos conte sobre você? Quem é você? O que faz? Quem é o Cleiton e quem é o doutor Clayton?
Cleiton Ribeiro: Meu nome é Cleiton Fernandes Martins Ribeiro. Eu comecei fazendo filosofia e teologia na PUC Campinas. Fui seminarista por um tempo, depois me formei em direito. Fiz pós-graduação em psicologia, sou professor, leciono filosofia e direito digital. Morei um tempo em Atibaia e Campinas, por causa dos estudos e por causa da formação. Em 2009, eu acabei fazendo um livro para minha filha. Porque nós que não somos desse tempo do celular, quando alguém era presenteado com um livro, era quase que sagrado pra gente. Então, naquela época, eu lembro que minha filha, que tinha cinco anos, rabiscou um livro e aquilo para minha geração era quase uma ofensa. Como que eu ia conversar com ela e tentar falar explicar que aquilo era errado e ela interiorizasse isso. Então contei a primeira história, que é a cidade dos livros, onde tinha Angelam, uma malvada e machucava os outros livros. Quando eu terminei de contar isso pra minha filha, ela falou “pai, eu não quero ser assim”. Ela até chorou na época e nunca mais rabiscou nenhum livro. Passei isso para alguns professores e o livro foi ganhando vida. Agora em 2024, veio a Lei 14.811, que criminalizou o bullying e aí alguns educadores falaram que não tinham um livro sobre bullying e cyberbullying para os anos iniciais das escolas e me pediram pra fazer uma adaptação. Com isso surgiu “Cidade dos Livros, O Desafio do Bullying e do Cyberbullying”.
GSN: O que o levou a deixar o seminário pelo direito?
CR: Chega um período que a gente acaba se questionando algumas coisas. Na conversa com o meu reitor, que hoje é bispo auxiliar no Rio de Janeiro, Dom Jeremias Antônio de Jesus, eu falei que queria dar um tempo para repensar algumas coisas. Estava finalizando a teologia, e ele falou que tudo bem. Foi quando eu retornei para São Paulo, para esse período de repensar, e conheci a minha esposa e aí não retornei mais. Casei com a primeira namorada, que se tornou a primeira noiva, e a esposa até hoje, me dando dois filhos lindos, a Maria Eduarda e o Arthur.
GSN: Sempre teve esse olhar voltado pra educação?
CR: Sempre, porque sou de uma família de professores. Minha mãe, minhas tias foram professoras e achava minha mãe brilhante como professora. Quando voltei a São Paulo, não pensei duas vezes em seguir essa carreira, mas o direito também me chamava muita atenção. Sou privilegiado, né? As duas profissões que eu escolhi exercer, me dão um prazer enorme, que é advogar o direito da família e direito educacional. São áreas que me trouxeram muita alegria e muito prazer profissionalmente.
GSN: Você acredita que isso acabou de puxando para direito educacional e também para o direito da família?
CR: Eu acredito que o seminário teve um peso muito grande, ajudar as famílias a pensar. Tanto que às vezes, quando o casal chega na minha frente, que eles vêm pra um divórcio consensual e eu percebo que eles estão muito na dúvida nas perguntas que eu faço, pergunto para eles se fizeram uma terapia de casal. Se mesmo assim retornarem e decidirem se separar, eu faço de graça a separação. Então eu tento fazer essa conciliação. Quando um pai sai de casa, não paga os alimentos aos filhos, eu faço uma reflexão com o pai, a importância dele tá pagando, então eu acabo refletindo essas questões sociais. Que o direito também nos pede, né? Que quando a sociedade não vai bem é porque a advocacia vai mal. Eu acredito muito nesse fator de conciliação, principalmente na questão da família.
GSN: O advogado, muitas vezes, faz esse papel de psicólogo também, né?
CR: Sempre ouvi isso. “Ah, o professor hoje na escola faz o papel de psicólogo. Ah, o advogado faz papel de psicólogo”. Não, ele orienta a procurar um psicólogo, porque a psicologia é uma ciência e não é qualquer pessoa que pode fazer isso. É igual se a gente falar que o professor faz às vezes o trabalho de médico, não. Ele dá ali os primeiros socorros e encaminha. Porque a medicina é uma ciência especializada. A psicologia é uma ciência especializada. Porque tem que ser um profissional para que realmente encontre o problema e possa ajudar profundamente aquela pessoa que procura esse profissional. Mas eu acredito que um professor e um advogado, tem que ter uma sensibilidade em ver que às vezes as pessoas estão ali por falta de um diálogo, e se você abrir um canal de diálogo para as pessoas na frente de um profissional capacitado, a probabilidade deles não se separarem é muito grande. Ou de um pai falar, “eu não quero pagar alimentos pro meu filho porque a minha mulher vai gastar o dinheiro”. Aí você senta com ele, explica quanto que uma criança gasta e começa a refletir com ele, o que é cuidar de uma criança, porque ele não pode sumir da vida da criança. Por que ele podendo oferecer um pouquinho mais, ele não o faz?
GSN: Além de advogado, o senhor também é professor? Como é isso? Ministra aulas para graduação?
CR: Tenho aulas na área de direito, mas a matéria que eu mais gosto de lecionar é filosofia. Essa matéria, que eu me encontrei, a gente leva a pessoa a refletir. Sai um pouquinho daquele campo dele, que é muito seguro, e reflete um pouco sobre o mundo. Ensinar alguns princípios que chamo de “claitianos”. Que eu brinco com eles que são três princípios que eles não podem sair da minha aula sem saber que são: pior do que não saber ler é ler uma fonte só, que as ideias brigam e as pessoas não e o outro princípio que a gente cria junto.
GSN: Você advoga para colégios. O que tem visto nos casos que atende no âmbito do direito educacional?
CR: As escolas hoje tem muitos pais, familiares, amigos adentrando a escola acreditando saber mais do que o professor. Aqueles pais que questionam tudo na escola. E muitas vezes ele não sabe que o filho deles está passando por um processo de socialização afetivo, emocional, aonde muitas vezes naquela família o filho não recebe um não. Mas a escola tem ali os seus princípios, as suas regras, a sua norma que ele tem que se enquadrar. Porque nós temos uma sociedade que as pessoas acham que individualmente elas sabem mais do que o coletivo, que ela sabe mais do que uma instituição. A pessoa questiona determinados posicionamentos, mas a partir do pensamento dela e tudo isso vai causar um impacto muito grande na escola, que antes se preocupava com a educação, mas hoje a equipe técnica, se preocupa muito com os processos, muito com o atendimento aos pais para tentar reverter determinadas coisas. O impacto das famílias dentro da escola vêm aumentando muito. A escola tem que conduzir 600 alunos, você tem 600 famílias pensando diferente como a escola deveria ser. É muito complicado hoje esses profissionais fazerem aquilo que eles mais sabem, que é educar, ver o processo mental e cognitivo da criança, muitas vezes introduzir regras ali para que todos possam ter uma boa convivência.
GSN: E aí você acaba vendo muitos professores desistindo, né?
CR: Desistindo da profissão e tendo processos que muitas vezes não vão dar em nada. Reclamações sobre o que o professor ensinou. Na minha área, por exemplo, o aluno do terceiro ano vai aprender Smith, Karl Marx e Nietzsche. Só que imagina o aluno chegando em casa falando para um pai que é muito conservador, que ele está aprendendo Karl Marx na escola. A escola vira a comunista que tem que sofrer um processo. E quando há esses processos, vem o advogado do direito educacional, que conhece sobre a pedagogia, que conhece sobre o direito educacional, vem fazer a defesa dessas escolas. Muito em decorrência da sociedade que nós vivemos hoje, que deixou de aceitar o contraditório. Às vezes quer aplicar a moral dela dentro da escola. A escola tem que ter uma ética, não uma moral.
GSN: Conversando com uma psicóloga, ela me contou que atende muitos adolescentes que chegam lá com inúmeros casos de bullying. Na visão dela, as escolas não estão preparadas para lidar com essa situação. Como é que o senhor vê isso?
CR: Eu não acredito que a gente pode falar que as escolas não estão preparadas. Nas escolas nós temos vários profissionais de várias áreas. Mas o que eu percebi é que alguns profissionais ainda precisam se apropriar do conceito bullying. Na Lei 14.811, de 2024, que criminalizou o bullying, é obrigatório eles terem formações. Eu faço uma formação com os pais, com os alunos, professores e equipe técnica. E quando eu estou com a equipe técnica e professores, eu vejo muitos dizendo assim, “Ah, mas nós estamos vivendo numa sociedade chata. Tudo é bullying”. Eu deixo a pessoa falar isso nesse primeiro momento e vou terminar o curso. No final, volto a fazer essa pergunta, se realmente a sociedade está chata e se tudo é bullying. E aí ele começa a perceber que não sabia o que era bullying. Porque a nova lei modificou o código penal pra tipificar o crime de bullying. E como uma grande porcentagem de quem comete o crime de bullying são menores, essa lei também teve que modificar o ECA, o Estatuto da Criança e Adolescente, para punir o menor infrator. Quando eu vou conversando, explicando o conceito do bullying, que é uma violência reiterada do ofensor contra o ofendido, aonde ele não para, não diminui as ofensas e ele vai continuando ofendendo de várias maneiras. No final da formação, eu volto a perguntar para essa pessoa, se tudo virou bullying, porque às vezes você colocar um apelido no amigo, às vezes você ir lá e dar um tapinha no amigo, isso está dentro do processo de sociabilização da criança, desde que ela não seja o ato reiterado, no sentido de magoar o outro, de ofender, de diminuir. Aí eu volto a pergunta para o profissional que falou uma sociedade chata, que tudo virou bullying, e escuto “eu não sabia que o bullying era isso. Eu pensei que dar um tapa numa amiga já era bullying. Colocar o apelido num amiguinho era bullying”. O bullying não é só na escola, é no trabalho. O bullying é uma tipificação, um ato criminoso. Só que aí as pessoas confundem uma brincadeira. Para configurar o bullying tem várias características. Uma delas é que o ofensor esteja no determinado patamar. Uma piada que não deveria ser feita, só isso não pode caracterizar bullying.
GSN: Essa formação é voltada para os professores, mas teria alguma coisa para os alunos?
CR: A Lei 14.811 pede que a formação seja para todos. Inclusive para os vizinhos da unidade escolar, porque às vezes o bullying físico ele não acontece nos muros da escola, mas na intermediação próxima à escola. E esses vizinhos agora tem que ser convidados pela instituição a irem à escola receberem o curso. E se eles identificarem que nas ruas próximas um aluno está sendo ameaçado, os amiguinhos estão sempre indo lá e bateram no mesmo amigo na saída da escola, eles procuraram a escola para fazer a denúncia. Outra característica é o cyberbullying, que é o bullying cometido pelas redes sociais ou pela internet, que a lei trouxe algo muito interessante. Pierre Bourdieu é um pensador que diz que a violência é estrutural, porque ela é hierárquica. Pode ser que aquela criança aprendeu a cometer a violência no seio da sua família. Então, como virou crime, quando a criança comete esse ato infracional, as pessoas que estão investigando vão ver quem ensinou ele a cometer um crime e se ele aprendeu aquilo dentro de casa, os pais vão responder. Num grupo do WhatsApp, aquela pessoa que cometeu responde o crime, mas o administrador do grupo do WhatsApp responde em outro. Então, a lei também trouxe essa punibilidade tanto para as questões das redes sociais e por meio da internet, como também hoje está criando uma rede de proteção. No aspecto físico, você começou a criar uma proteção maior para aquele indivíduo e também nessa formação, aprende-se a rapidamente identificar nos grupos do WhatsApp, que a escola tem controle, que ela intervenha muito rápido naquilo, porque ela já viu que pode ser um cyberbullying. Então quando você toma conhecimento, você combate a mãe de toda maldade, que é a ignorância humana.
GSN: E qual que é a diferença do bullying para o cyberbullying?
CR: A lei trata isso de uma maneira específica. O código penal teve que colocar porque o bullying você recebe uma pena e o cyberbullying é uma qualificadora. Então é a violência reiterado ou a violência cometida por meios digitais. O cyberbullying, que vai ter uma abrangência muito maior e às vezes ela acontece de amigos mesmo, naquele grupo da sala de aula, que muitas vezes é um grupo da sala que não estão os pais não estão ninguém, estão só os alunos. Então, alguém vai ali e começa a falar do cabelo de uma colega, começa a falar do peso de um amiguinho e o grupo vai ali menosprezando aquela pessoa.
GSN: Falando propriamente do seu livro, como é que foi esse processo de produção de escrita? Você começou escrevendo uma história para sua filha, como foi parar na editora, virou um livro sobre bullying, como se deu todo esse caminho?
CR: As pessoas já conheciam a minha formação, os cursos que eu fazia sobre o bullying e o cyberbullying. E aí algumas escolas me pediram um material para trabalhar nos anos iniciais. Como eu tinha feito o livro para minha filha, que é isso que eles chamaram a atenção, que no primeiro livro, quando eles colocavam o livro na contação da história, viam que os cadernos não tinham mais orelhas, os cadernos não tinham mais rabiscos. Eles tinham interiorizado a importância de cuidar daquilo. É uma historinha de um livro, que entra na cidade dos livros e começa a amassar os livros, a rabiscar os livros, a rasgar a capa, e aí a cidade dos livros se une para tentar barrar aquela violência. E o livro dos venenos, que é um livro dos mais antigos fala, “olha, quando ela entrar de novo, eu vou abrir uma página minha aqui, que é do mestre diálogo e quando ela vier me rasgar, ela vai ver essa página”. Quando o professor x colocou o livrinho lá quando ela chegou a Angilam malvada chegou pra tentar rasgar o livro e fazer maldade e começou a ler os princípios das histórias, do diálogo. Nisto ela revelou que ela só fazia aquilo porque as pessoas não a aceitavam e ela não queria ser mais assim. E aí as pessoas começaram a perceber que muita gente fazia determinadas coisas na cidade do livro que prejudicava os outros. E todos deveriam se perdoar. No novo livro, que é uma adaptação, o protagonista é o Ongilam, que escrito de trás para frente significa maligno, começa a fazer determinadas coisas na escola. Então a rainha Edadeip, que significa Piedade de trás para frente, se reúne com professor mestre de diálogo e eles começam a ver aquilo e começam a orientar o livro Ongilam, a não fazer certas coisas. Ele vai se afastado da escola e continua fazendo reiteradas vezes. E aí a escola suspende. Ele começa a ver que todos os amiguinhos começaram a viver muito em paz, muita tranquilidade, a se divertir cada vez mais e ele ficar isolado. Então ele vai e se redimir com a diretora da escola, com os professores e ele é reintegrado e passa a ser referência na escola, a ajudar todo mundo. Porque ele sabia que o que ele fez era errado. Realmente ele tinha entendido que aquilo era errado. Tanto que é ao final, a diretora da escola muda o nome dele para Livro dos Sonhos. Ele é aquela pessoa que vai modificar para que as crianças possam entender que todo mundo pode se modificar, inclusive aquela pessoa que pode ser o autor do bullying.
GSN: Você escreve esse livro, passa a levá-lo para sua formação, é isso?
CR: Isso. Esse livro começa a ter uma repercussão no Brasil inteiro. Então tem pessoas no Rio de Janeiro que já pediram, redes de ensino em outros estados começaram a adotar o livro. Aqui em São Paulo mesmo, várias redes de educação começaram pegar o livro. Ele tem algumas preocupações pedagógicas que as professoras das séries iniciais sempre me colocaram, que os alunos têm dificuldade de reler a história. Então o que que eu fiz pra que eles pudessem reler a história? Eu peguei os personagens, com os nomes escritos de trás pra frente. Então quando ele termina de ler, tem um desafio para escreva o nome dos personagens de trás pra frente. E releio o texto com os personagens, agora com o nome deles. Tem ainda um desafio secundário, que a professora criar um projeto. Então ela vai pegar o aluno da sala e vai falar, “olha, agora você tem umas folhas a seguir para continuar a história”. Na parte de cima, que ele vai contar a história e o amigo do lado vai ilustrar aquilo que ele escreveu e depois eles invertem.
GSN: Já recebeu avaliações desses trabalhos feitos nas escolas?
CR: Já tive. Crianças narrando livro, diretores, professores, famílias dizendo que leram para o filho. Tem uma escola que eu achei muito legal o projeto. A equipe pedagógica pegou o livro, pediu para que um professor pegasse as historinhas e transformasse em contação de história com música.
GSN: Para você que leciona para adultos deve ser legal trabalhar com as crianças?
CR: Muito legal saber que eles estão captando. Estou escrevendo agora, só que agora pros adultos, e vai tratar de toda a história do bullying. Começa com uma ironia, é a sociedade ficou chata, tudo é bullying, violência e termina com uma interrogação. No decorrer do livro, vamos refletindo nos capítulos, pra que ele possa entender que o bullying e a violência estrutural, elas são coisas sérias na sociedade. Ainda vai tratar de como os países sul-americanos têm enfrentado o bullying. Então nós pegamos alguns países para que a gente possa entender como está a legislação nesses países. Como que os professores vizinhos estão lidando.
GSN: Nos países sul-americanos, com está o bullying e o cyberbullying, com base nessas pesquisas que você já fez, como é que você avalia? O Brasil está muito atrás, está muito à frente.
CR: Olha, para ser sincero, o Brasil, tanto na parte de legislação como na parte de amparo pedagógico, está muito avançado. Nós criticamos muito nossos legisladores. Mas eu acredito que, eu ainda não tenho noção no mundo, mas essa Lei 14.811 é revolucionaria. Quando eu falo com juristas de outros países, eles não acreditam que nós avançamos tanto. Nós estamos muito a frente. Eu arriscaria dizer que nós estamos muito avançados, não só em detrimento a eles, mas a boa parte aí do mundo, por aquilo que eu tenho visto, que eu tenho estudado, que eu tenho pesquisado.
GSN: O que ainda falta fazer para realmente é melhorar a questão do bullying, pelo menos se não der para zerar o bullying nas escolas, diminuir?
CR: Eu costumo dizer assim que a mãe de toda a maldade humana é ignorância. Que a palavra ignorância vem do latim, significa ignorar e desconhecer. Quando a gente passa a conhecer algo, a gente deixa de fazer. Na teologia, tem um princípio. Uma coisa só é pecado quando eu sei que é pecado. Então eu acho que a grande saída são esses projetos que os professores estão montando com o livro, a formação de toda equipe, de toda a comunidade escolar, que é alunos, pais, professores, equipe técnica, os vizinhos, a gente criar uma rede de proteção. Isso que essa lei vem trazer. Por isso que eu acredito que é uma lei muito avançada, porque ela cria essa rede de proteção. Quando obriga os profissionais da educação a aprenderem realmente o que é o bullying, a causa e a consequência. Eu acho que nós estamos no caminho certo, eu acho que é por aí que nós vamos diminuir muito.
GSN: Onde podemos encontrar os seus livros?
CR: Ele é vendido tanto pela editora, pelas Americanas, Carrefour, UmLivro, Casas Bahia, Amazon.
GSN: Uma pessoa que tem um filho numa escola que não tá trabalhando esse tema, não EStá estudando. Se ela compra esse livro, ela consegue trabalhar o tema?
CR: Tem o caso da professora Suzana, do colégio Porto Seguro, que ela olhou o livro, gostou muito, comprou e está trabalhando com os alunos. Às vezes não deu tempo de colocar, porque como é um livro recente, de uma lei recente. Mas eu também tenho recebido muito feedback que eles já colocaram para o para 2025, para que os pais pudessem adquirir, para que eles pudessem trabalhar em grupo.
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