Bairro da zona sul de completa mais de um século marcado por urbanismo visionário, legado cultural e protagonismo no esporte a motor
No último dia 27 de agosto, o bairro de Interlagos, na zona sul de São Paulo, comemorou 105 anos de história. Mais do que palco de grandes corridas e casa do icônico autódromo, Interlagos é símbolo de planejamento urbano, memória afetiva e qualidade de vida para milhares de moradores.
O bairro começou a ser pensado em 1937 por Louis Romero Sanson, engenheiro e presidente da Autoestradas S/A, que comprou terras entre as represas Guarapiranga e Billings por volta de 1937. Ele contratou o urbanista francês Alfred Agache para elaborar o projeto urbanístico de um bairro, concebido como cidade-jardim, com áreas destinadas a comércio, indústria, moradia e lazer.
As represas lembraram a Agache a região suíça de Interlaken, razão suficiente para Sanson batizar seu empreendimento de “Interlagos Cidade Satélite da Capital”.
Sanson implantou um autódromo, que serviria como chamariz para a venda dos lotes residenciais, destinados a uma camada social mais abastada. Aproveitando o potencial turístico da região, formou a praia dos paulistanos no início dos anos 40, com areia vinda de Santos. Para facilitar o acesso ao loteamento, à praia, ao autódromo e, ainda, estimular a ocupação da região, construiu a avenida Interlagos e a ponte sobre o rio Jurubatuba.
A Cidade Satélite de Interlagos, contudo, não chegou a se concretizar. O loteamento só começou a ser efetivamente ocupado a partir dos anos 70, quando a área foi declarada Zona Estritamente Residencial.
O bairro, considerado seu padrão de ocupação, resulta em significativa densidade arbórea e alta porcentagem de solos permeáveis, capazes de garantir climas urbanos mais amenos.
A massa de vegetação existente apresenta-se nas ruas e praças com belíssima continuidade, contendo várias espécies e oferecendo habitat para a variada gama de aves existentes na região. O traçado sinuoso das ruas e avenidas adapta-se à topografia da região.
Em 2004, a preservação desse patrimônio foi garantida com o tombamento municipal, solicitado pelos próprios moradores. O CONPRESP protege hoje o traçado urbano, as praças e a vegetação de porte arbóreo do bairro, reconhecendo sua importância histórica, ambiental e paisagística.
Interlagos segue como exemplo de convivência entre urbanismo, história e natureza — um verdadeiro orgulho paulistano.
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