O projeto que orienta sobre o uso de antibióticos será testado em São Caetano do Sul e pode, futuramente, se tornar política nacional, diz Anna Sara Shafferman Levin
Projeto lança o Guia de Uso de Antimicrobianos para Atenção Primária, que visa auxiliar profissionais da saúde a indicarem antibióticos com maior precisão. O objetivo, além de tratamentos mais adequados, é impedir a resistência bacteriana, problema mundial e considerado questão de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde. O projeto será implementado primeiramente na Atenção Primária na cidade de São Caetano e depois replicado no País, em uma parceria com o Imperial College of London.
Anna Sara Shafferman Levin, da Faculdade de Medicina da USP e responsável pelo projeto, diz que está otimista com o trabalho. “Se isto funciona, eu acho que nós temos um modelo para o Brasil.”
O que motivou a ideia
Resistência bacteriana é quando, com o uso de antibióticos, acaba por haver uma seleção das bactérias mais fortes: as fracas morrem e as mais resistentes sobrevivem e se proliferam. Com o uso disseminado de medicamentos no século recente, o problema se agravou e hoje é uma preocupação mundial, com a consequência sendo doenças mais difíceis de serem controladas. O projeto encabeçado por Anna Sara busca, então, orientar melhor os profissionais de saúde sobre o uso devido e mais específico de antibióticos.
O foco é na atenção primária, onde há menos especialização médica e maior parte dos antibióticos é prescrita. A aplicação concreta do guia seria orientar e dar mais embasamento e segurança para a tomada de decisão dos profissionais de saúde que fazem o primeiro atendimento. “Na atenção primária temos um médico em geral mais inexperiente. Ele tem aquela angústia, ele fica sempre preocupado, então ele trata além do que ele precisa. Eu acho que o lugar onde mais acontece isso é na infecção respiratória. Quem não teve um resfriado e tomou antibiótico? E o resfriado não responde a antibiótico”, explica ela.
Já antevendo problemáticas, o projeto se propõe a não ficar restrito a guiar somente o contato entre o paciente e o médico primário, mas também atualizar toda a rede básica de saúde. “Junto com o guia, temos o treinamento dos outros profissionais, desde o agente comunitário até o técnico de enfermagem, o técnico de odonto, o dentista, o enfermeiro, e todos eles têm que ser treinados porque eles têm uma participação no antibiótico. O médico de verdade não passa muito tempo com o paciente: ele depende muito da impressão que os outros profissionais passam para ele”, completa.
Com informações do Jornal da USP
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