Graduado aos 79, uma conquista na Zona Sul para dizer não aos estereótipos

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Hoje as pessoas com mais de 60 anos estão estudando, fazendo atividades físicas, empreendendo e buscando conhecimento que não estão associados a uma limitação de idade 


Foi-se o tempo em que a figura do idoso podia ser associada ao indivíduo com pouca vitalidade ou disposição. O conceito, que pouco se aplica aos dias atuais, se desgastou à medida que ele se tornou velho para ser referir às pessoas que possuem mais de 60 anos ou que fazem parte da chamada terceira idade ou melhor idade. Nesta terça-feira, 24 de agosto, o senhor Benedito Chagas, carinhosamente conhecido como sêo Bene, provou isso ao colar grau na Estácio, campus Conceição, e se tornar bacharel em Ciências Jurídicas aos 79 anos.  

Para entendermos quem é esse novo idoso é indispensável abandonar estereótipos e estar ciente que cada vez mais as pessoas, sobretudo as de mais idade, acreditam na sua capacidade de se manterem ativas e presentes na sociedade onde elas estão inseridas. Quem garante isso é o sêo Bene, que mesmo com os desafios comuns a idade, jamais pensou em desistir dos estudos. “Estou muito contente por ter conseguido concluir o curso de Direito, foram anos de muito estudo e dedicação para chegar até aqui. Minha esposa, filhos, netos e bisnetos sempre me apoiaram e me incentivaram a ir atrás do meu sonho de cursar uma faculdade, quando me aposentei tomei coragem e fui”, relata o bacharel em Ciência Jurídicas. 

Roberta Candido, coordenadora do curso de Direito da Estácio, foi uma das professoras que mais acompanharam de perto a trajetória universitária do sêo Bene, isso porque, segundo ela, toda semana ele passava em sua sala para cumprimentá-la e sanar suas dúvidas em relação a disciplina e ao curso. “O sêo Bene é um aluno excepcional, interessado, um daqueles que devem servir de exemplo a todas as pessoas, estudantes ou não, que pensam em desistir quando surgem as primeiras dificuldades da vida. Nenhum obstáculo é grande demais quando a vontade de vencer é amparada pela coragem de dar o primeiro passo, o sêo Bene é a prova disso”, diz Candido. 

Cheio de disposição, o recém-formado lembra que não existe idade para estudar, basta ter força de vontade e, ao lado, pessoas que te impulsionem a seguir em frente, como fizeram os seus familiares, professores e colegas de classe. “Hoje, com 79 anos, 80 daqui uns meses, tenho a alegria de dizer que venci uma etapa muito importante da minha vida e que estou prestes a me tornar um advogado. Só falta prestar o exame da OAB, mas já estou me preparando para isso”, ressalta. 

Sonia Prado, coordenadora do curso de Psicologia da Estácio, explica que tornar-se uma pessoa velha, no olhar psicológico e social, é um evento com características humanas, que depende um pouco de como a pessoa está sendo percebida pela sociedade. “O idoso acumula experiências e essas experiências muitas vezes não são consideradas e percebidas pelos mais jovens. Normalmente quando o idoso acaba sendo prejudicado pelas limitações impostas pela própria sociedade, ele é simplesmente classificado ou rotulado com velho com base em aspectos físicos comuns ao envelhecimento sem se levar em consideração a sua capacidade mental”, diz. 

Sêo Bene, devido a pandemia, participou de uma cerimônia de colocação de grau bem intimista no auditório da Estácio, campus Conceição, em São Paulo. Seguindo todos os protocolos sanitários e utilizando máscara e álcool em gel, o bacharel em Ciências Jurídicas pôde, juntamente com a coordenação do curso de Direito e o paraninfo da turma representar seus colegas na solenidade. Por vídeo, seus familiares, amigos e professores puderam prestigiar o momento e comemorar a conquista em segurança.  


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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