Família é “paciente oculto” e deve ser tratada junto com o doente

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Ainda que possa existir uma doença igual a outra, não existe um paciente igual a outro. Sem dúvida, a tecnologia substituiu parte da história clínica em medicina. Se a genética permite predizer o risco de inúmeras doenças, não está tão claro qual é o benefício real para o paciente. Tudo está muito focado na doença, mas quem adoece é a pessoa. Daí a importância da Medicina Humanista.

É preciso reforçar o objetivo principal do médico, baseado no juramento hipocrático: curar, aliviar e/ou acompanhar o paciente. Mas não exatamente nessa ordem, como se confortar o paciente fosse um prêmio de consolação quando não se consegue a cura de sua doença. Confortar é algo que deve ser feito sempre.

Se o sofrimento humano e a morte são realidades no cotidiano do médico, por que vemos um despreparo crescente do profissional em lidar com essas situações? Provavelmente, porque o gerenciamento da morte implica em se perguntar a todo o momento sobre o que é melhor para o paciente, antes de tomar as medidas “de praxe”, como internações desnecessárias ou tratamentos ineficazes quando se trata do processo de morrer.

O médico deve conversar franca e carinhosamente com a família, embora sem dividir responsabilidades. A família coloca questões que têm pouco caráter técnico, mas de vital importância. Quer saber, por exemplo, se o paciente está sofrendo e se pode ser feita alguma coisa a mais. E sempre requer explicações do que está acontecendo. Paciente e família esperam e merecem do médico realismo, conforto e acompanhamento profissional.


PABLO GONZÁLEZ BLASCO é diretor científico e fundador da SOBRAMFA – Educação Médica & Humanismo (www.sobramfa.com.br)

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