A falta de planejamento financeiro
No Brasil, é comum ouvirmos expressões como “vamos vendo”, “logo a gente ajusta”, “amanhã faço”, que traduzem uma cultura do improviso que vai além das palavras: ela molda comportamentos, escolhas e emoções.
Quando esse estilo se aplica às finanças, ao planejamento de vida e à percepção da própria finitude, o custo pode ser emocional e pesado.
Viver no compasso do momento, sem considerar que o tempo passa, que imprevistos emergem, que o envelhecimento chega, é aposta arriscada. A importância de pensar no futuro mesmo que ele pareça distante e não se restringe ao “ter dinheiro”, mas ao “ter tranquilidade” para vivê-lo com mais leveza.
E os dados confirmam: mais de 55 % dos brasileiros das classes A, B e C afirmam não possuir planejamento financeiro.
Esse improviso financeiro está ligado a conhecimento insuficiente: 81 % dizem saber pouco ou nada sobre educação financeira. Se não há preparo, a reação aos imprevistos se mostra limitada e 68 % admitem não estar prontos para lidar com choques financeiros. Ainda, 78 % dos brasileiros entrevistados dizem que não estão se preparando para a aposentadoria.
E quando a economia baixa, o emprego balança, uma doença aparece, ou a aposentadoria se aproxima sem aviso, o que acontece?
Surge o custo emocional: ansiedade, culpa, sensação de impotência. Em 66 % dos casos de inadimplência, há relato de depressão ou sintomas similares. As dívidas não são só números, são marcas emocionais.
O improviso, então, vira mecanismo de fuga “deixa para depois”. O problema é que “depois” tem custos. E no Brasil, onde a tradição de se planejar menos prevalece, esse custo se torna coletivo.
Por outro lado, olhar para o inevitável, preparar reserva, estruturar aposentadoria, conversar com a família não significa viver tenso ou obsessivo significa viver mais livre. Porque o coração deixa de bater mais forte no “e se…” No presente surge liberdade, porque o futuro já tem esboço.
Quais são os passos?
1 – Primeiro, reconhecer que o futuro importa.
2 – Segundo, mapear onde estou: rendimentos, despesas, dívidas, reservas.
3 – Terceiro, definir meta simples: talvez uma reserva de emergência, talvez conversar sobre aposentadoria, talvez uma conversa familiar sobre finitude e legado.
4 – Quarto, agir: separar valor, usar app ou planilha, buscar educação financeira. Quando o tema se conecta com emoções “vou me sentir mais seguro”, “minha família vai ter menos preocupação” ele deixa de ser árido.
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