Os “cortes” das redes sociais chegaram aos debates e mudam a forma de ver a política
É impossível imaginar o mundo de hoje sem redes sociais. Essas páginas e aplicativos passaram a fazer parte das nossas vidas. Ali compartilhamos momentos especiais, postamos lembranças, contamos acontecimentos felizes e tristes. Estudar, trabalhar, vender, fazer negócios, está tudo na rede.
Uma pesquisa realizada pelas agências norte-americanas We Are Social e Meltwater mostra que cerca de 187,9 milhões de brasileiros utilizam a internet em 2024. Desse total, 98,9% acessam redes sociais. Claro que algo que movimenta tanta gente e possibilita infinitas formas de conexão e comunicação cairia nas graças da política, o que pode ser algo bom.
As redes permitem conhecer candidatos e propostas que talvez, apenas pelo que é veiculado na TV e no rádio, não seria possível ver. Elas oferecem mais opções e permitem acompanhar os candidatos mais de perto, fazer questionamentos diretos e cobrar as promessas feitas. Porém, não é isto que estamos vendo nas campanhas eleitorais dos últimos anos.
A cada pleito, as tecnologias e modismos das redes são incorporadas nas campanhas. O objetivo segue o mesmo, atrair mais eleitores e vencer. Mas, a campanha eleitoral apresenta uma peculiaridade. Não há debates ou discussões sobre propostas. Os diálogos são praticamente inexistentes, tudo é pensado para produzir “cortes” de vídeos para as redes, e ganhar curtidas (que podem vir a ser votos). A tecnologia atravessa o nosso tempo por completo.
Para o professor de marketing e escritor do livro Mais Marketing, Menos Guru, Nino Carvalho, há uma explicação bem simples. “Com cortes rápidos, é fácil de consumir, não exige da minha cabeça, né? Então, eu não preciso ficar ali ouvindo proposta que é uma coisa complexa, que eu tenho que pensar e me demanda muito esforço, não. É um cara que fala lá uma piadinha, sacaneando o outro e vota em mim porque eu sou o brother. Fica fácil de se comunicar e de se propagar qualquer coisa”, aponta.
O risco dessa escolha por “cortes” é não saber o que o candidato realmente pretende fazer se eleito e se concordamos com isso. Como forma para solucionar o problema, o professor incentiva a educação digital e a alfabetização midiática. “Acho que tem que começar da base, essa questão educacional, porque não raro o bebê no berço, já tem o telefone na cara. Mas eu acho que é um trabalho de conscientização por órgãos públicos e a sociedade civil também, como tem, por exemplo, em relação à época do Covid”, finaliza.
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