ARTIGO | O falso dilema da violência nas escolas

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O Brasil tem assistido repetidamente a ações violentas em escolas, como a que ocorreu mais recentemente em Poços de Caldas-MG. Este é apenas um exemplo porque a incidência e agravamento dos tipos de violência contra estudantes e professores em instituições escolares não são uma sensação. É fato.

Independentemente da gravidade do crime em si e das perdas irreparáveis, é importante refletirmos sobre o contexto que tem dado abertura a tais atos de barbárie.

De um lado temos um sistema educacional ainda muito precário, profissionais da educação mal capacitados e com formação e remuneração precárias e muitas das escolas também inadequadas a um bom desempenho escolar. Ainda que tenhamos profissionais de excelência, como a educadora Izolda Cela e o sensacional trabalho em Sobral e depois em todo o Ceará, a quem o PNBE acaba de conceder seu Prêmio de Cidadania, esses são casos isolados, e não prevalescentes no conjunto.

O cenário da violência em ambiente escolar é tema do relatório “O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para ação governamental”, de 2022, assinado por pesquisadores e ativistas da área de educação.

Ainda é tempo de prevenir, mas, segundo o citado relatório, os eventos de violência em escolas iniciaram na primeira década dos anos 2000 e contabilizando, até o fechamento do documento em dezembro de 2022, 16 ataques com 35 vítimas fatais e 72 feridos, sendo que quatro desses eventos ocorreram no segundo semestre do ano passado. Os números nos Estados Unidos são piores, o que aponta para um problema ampliado.

A questão é multidisciplinar, pois não basta o reforço das rondas e policiamento no entorno das unidades escolares. Há que se preparar crianças e educadores para lidar com o medo e com possíveis eventos, é preciso envolver a comunidade, capacitar professores para conversarem com pais e alunos, é preciso uma política de segurança pública especializada para este problema, é preciso entender que vítima é toda a sociedade para, finalmente, termos uma atmosfera de paz nas escolas e comunidade.

O Brasil fica patinando nas incertezas ideológicas, como se fosse impossível desenvolver uma política educacional consistente. Urge mudar essa realidade.

*Fabio Arruda Mortara, M.A., MSc., empresário, é primeiro Coordenador Geral do PNBE-Pensamento Nacional das Bases Empresariais


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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