Em outubro comemora-se o mês da criança, data criada em função da Declaração dos Direitos da Criança, em 1959. O compromisso assegurava uma gama de virtudes que deveriam ser concedidas a este grupo, como educação, saúde e, principalmente, amor. Em seu texto, o documento evidência a naturalidade desta fase, que tem um papel fundamental não apenas na índole humana, mas em toda a formação da sociedade. Em meio a isto, temos a visão Winnicottiana da ‘teoria do amadurecimento’.
A teoria proposta por Winnicott, consiste em um estado orgânico de amadurecimento que afeta todo indivíduo, que começa em sua própria concepção – ainda no útero – e continua até sua morte. Mais do que algo determinado, é uma tendência natural, que tem na criança seu principal ponto de ação. Ainda bebê, construímos nosso corpo e mente em função do ambiente em que vivemos, sendo assim o momento de formação psíquica.
É na infância que temos os estágios iniciais deste processo, entre eles a compreensão de si mesmo e as relações com os objetos. Cada um destes constitui uma etapa, que serve de requisito para outras ao longo da vida. O esquecimento das funções básicas de aprendizado – ou até mesmo sua carência – faz com que o crescimento não ocorra como deveria, podendo gerar, inclusive, transtornos psicológicos futuros.
Assegurar um ambiente suficientemente bom – aquele que traz uma figura materna de cuidado e olhar atencioso – é fundamental para a concepção da criança como um indivíduo, além de permitir um espaço de aprendizado que a acompanha para sempre. Na prática, é sobre deixar a criança ser ela mesma – em um modelo de autodescoberta – sem apressar qualquer processo de amadurecimento.
Na sociedade temos um sistema que vai contra o modelo proposto pelo psicanalista inglês, onde desde cedo têm se uma necessidade de agilizar estes processos, seja por parte das figuras paternas ou do próprio menor, que reflete uma representação adulta vista nos canais de comunicação, como a internet e a televisão. Quando pulamos as etapas, ocorre um crescimento imaturo, não no sentido de rebeldia, mas de incapacidade mental.
*Cristina Navalon é psicóloga com formação pela Universidade Metodista de São Paulo com especialização em Psicanálise do Adolescente, Psicossomática e Doenças Mentais.
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