Os impactos das ondas de calor no sistema elétrico brasileiro

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Crédito: Divulgação

Eventos climáticos extremos afetam a disponibilidade de recursos à infraestrutura

Um relatório da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) aponta quatro impactos das ondas de calor sobre o Sistema Interligado Nacional (SIN): disponibilidade de recursos, eficiência de equipamentos, demanda por eletricidade e riscos às infraestruturas. “Na prática, os efeitos são sentidos principalmente na geração, mas também na transmissão e distribuição de energia, afetando tanto os consumidores quanto os players do setor”, aponta o advogado Leonardo Dalla Costa Novakovski, do escritório Razuk Barreto Valiati.

As ondas de calor afetam diretamente a disponibilidade de recursos pelos reflexos nos índices de precipitação de chuvas, na força e na direção dos ventos e na incidência solar. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estimam que, ao fim de 2024, o Brasil tinha 208.930 MW de potência instalada, sendo quase 85% de usinas consideradas renováveis, especialmente hidrelétricas, solares e eólicas.

“Os índices de chuva, de maneira geral, afetam diretamente a capacidade do sistema elétrico brasileiro, que ainda depende em larga medida das usinas hidrelétricas. Apesar do crescimento dos modais solar e eólico, trata-se de sistemas intermitentes, que exigem operações capazes de dar segurança ao abastecimento. Em um cenário de escassez dos reservatórios, esse papel é ocupado pelas usinas termelétricas, que têm um custo mais elevado e encarecem a tarifa”, explica Dalla Costa, que possui atuação especializada no setor elétrico.

As ondas de calor também afetam a demanda por eletricidade. No início deste ano, foram registrados dois recordes seguidos no consumo de energia: de 102.740 MWh/h em 24 de janeiro e 106.100 MW/h em 28 de fevereiro, segundo os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). “Até o momento, o Sistema Interligado Nacional tem respondido relativamente bem a esta nova demanda por energia, que decorre principalmente do uso de ar-condicionado e outros equipamentos voltados à refrigeração tanto nas residências quanto em comércios e empresas. Conforme dados do ONS​1, houve avanço de 7% da carga de energia no SIN em fevereiro de 2025, avanço este influenciado pelas ondas de calor percebidas” ressalta Dalla Costa.

Na outra ponta, porém, especialmente os grandes centros urbanos têm tido dificuldades para lidar com os danos à infraestrutura causados por eventos climáticos extremos: tempestades, ventos fortes e enchentes. No fim do ano passado, a Aneel abriu uma consulta pública para ampliar os direitos do consumidor em casos de interrupção de energia nessas situações de emergência.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br 

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