Apesar de toda informação, jovens sabem cada vez menos sobre o vírus e são os mais afetados pelos novos casos de infecção
Era o ano de 1980 quando os primeiros casos de Aids (sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), doença causada pelo vírus HIV (sigla também do inglês para Vírus da Imunodeficiência Humana), apareceram. A patologia, até então totalmente desconhecida pela ciência, assustou a população mundial, já que ser diagnosticado com Aids naquela época, era ter uma sentença de morte. Desde então, cerca de 42,3 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à Aids desde o início da epidemia, segundo dados do Relatório Global do Dia Mundial de Luta Contra a AIDS. O estudo ainda aponta que, em 2023, 39,9 milhões de pessoas no mundo estavam vivendo com HIV.
Do surgimento dos primeiros casos até os dias atuais, inúmeras campanhas e iniciativas foram criadas com o objetivo de informar sobre o vírus. Uma destas ações foi a Lei 13.504 de 2017, que colocou no calendário nacional o mês de Dezembro Vermelho, uma época dedica a informar a população sobre o HIV/Aids, prevenção e tratamento por meio de campanhas de mídia, iluminação de prédios públicos com luzes de cor vermelha, promoção de palestras, eventos e atividades educativas.
Para a médica infectologista Ana Cláudia Marcello, a ação não é só bem-vinda como extremamente necessária. “Ainda vemos muitas pessoas com nenhum conhecimento sobre o vírus e a doença, perpetuando preconceito, achando que é específico da população homossexual e de quem usa drogas. Com esse preconceito, elas acabam não se testando. Importante lembrar que qualquer pessoa com vida sexual ativa, está correndo o risco de pegar o vírus, que não escolhe cor, classe social e nem profissão”, explica a médica.
O alerta da infectologista vem de encontro aos números alarmantes do Boletim Epidemiológico 2023, que traz dados referentes ao ano de 2022, em que os homens brasileiros na faixa etária de 25 a 29 anos foram os mais afetados pela Aids.
Ter o vírus HIV não quer dizer ter Aids. Porém, uma vez infectada, a pessoa viverá com o HIV durante toda a vida, e que o melhor caminho ainda é a prevenção com o uso de preservativo durante as relações sexuais, não compartilhamento de seringas e agulhas, uso de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) para pessoas com maior risco de contrair o vírus, uso de Profilaxia Pós-Exposição (PEP) para quem foi exposto ao HIV, e claro, testagem.
“O principal meio de prevenir a transmissão do vírus é tratando as pessoas infectadas. Por isso é tão importante todo mundo se testar. Para saber exatamente quem tem o vírus, porque a pessoa que tem o vírus e não está se tratando, automaticamente está transmitindo. O HIV vai demorar em média cinco anos para desenvolver algum sintoma. Então, mesmo que não haja nenhum sintoma, a gente sempre orienta a testar. Temos serviços específicos de atendimento ao HIV no SUS e nos laboratórios particulares”, orienta Ana Cláudia.
Apesar de não existir cura para o HIV/Aids, tanto o vírus quanto a doença podem ser controlados com tratamento contínuo. “O tratamento é amplamente distribuído no SUS. É bastante eficaz, com drogas muito potentes, com alta barreira genética, ou seja, o vírus tem mais dificuldade de adquirir resistência. São poucos comprimidos por dia, com quase nenhum efeito colateral e o paciente pode levar uma vida praticamente normal”, finaliza a médica.
Os testes para HIV podem ser feitos nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) e nos Serviços de Atenção Especializada (SAEs). Os endereços das unidades podem ser consultados no site da Secretaria Municipal de Saúde.
SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br