Taxa de crescimento da população de São Paulo diminui, mas cidade ainda é a mais populosa do País

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Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Especialistas explicam que interiorização da indústria e migrações pelo Estado estão por trás dessa diminuição

Segundo dados oficiais do Sistema Estadual de Análise de Dados, o Seade, a população da cidade de São Paulo está crescendo cada vez menos. Enquanto nos anos 1950 a taxa de crescimento era de cerca de 5,5%, a taxa observada na década de 1980 foi de apenas 1,15%. O crescimento foi ainda mais sutil entre 2010 – 2022, com discretos 0,15%. Apesar da diminuição da taxa de crescimento, São Paulo continua sendo uma cidade populosa e popularmente densa: 11,45 milhões de habitantes em 2022, ou uma média de 7,528 habitantes por quilômetro quadrado.

O professor Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, conta que a diminuição na taxa de crescimento populacional está conectada com a queda na taxa de fertilidade, que é comum entre os países mais desenvolvidos do planeta. “A variação tem um pouco a ver com a taxa de fertilidade caindo, e isso acontece nos países desenvolvidos. A Europa, por exemplo, tem hoje uma taxa de fertilidade que é abaixo da taxa de reposição da população.”

Contudo, apenas a taxa de fertilidade não é o suficiente para explicar a variação da taxa de crescimento da população da capital. Há também os fluxos migratórios. “A região Sudeste atrai muito menos trabalhadores de outras regiões do Brasil. São Paulo atraiu muita gente, assim como o Sudeste de uma forma geral, mas hoje São Paulo já não tem aquele poder de atratividade que tinha no século 20”, explica o professor.

Enquanto a capital paulista perde o poder de atratividade que tinha, com promessa de empregos, crescente industrialização e aumento de qualidade de vida, o interior “puxa” essa massa trabalhadora, com maiores crescimentos populacionais sendo observados em municípios ao entorno da capital. “São José dos Campos, Campinas, Sorocaba e a Baixada Santista são regiões que ainda apresentam dinamismo econômico e, consequentemente, acabam atraindo população”, diz Luciano Nakabashi.

A tendência é que o aumento populacional desacelere cada vez mais na capital, até chegar no ponto de crescimento vegetativo negativo, como acontece em países como a Grécia, e a população deve envelhecer (menos crianças nascendo e idosos vivendo cada vez mais).

Segundo o professor, há também uma preocupação com o crescimento e dinamismo da economia: “Não que isso vá causar uma recessão, mas certamente vai gerar um crescimento econômico menor. A gente não espera uma queda do PIB, mas espera um menor crescimento do PIB e menor dinamismo econômico decorrente dessa dinâmica populacional,” conclui o professor da FEA-RP, Luciano Nakabashi.

Com informações de João Pessini para o Jornal da USP


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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