Em um mundo onde as estatísticas globais de suicídio atingem números alarmantes, falar sobre a valorização da vida é uma obrigação. Foi pensando nesta triste e assustadora realidade que a autora e pesquisadora Cybele Meyer desenvolveu seu mais novo romance “Mingau de Sonhos: Uma jornada pelas sombras da adolescência”. Um livro lança luz sobre a importância da valorização da vida e do papel dos familiares, professores e profissionais de saúde na identificação precoce dos desajustes familiares que podem levar os jovens a esse sofrimento.
De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, mais de 700 mil suicídios são registrados em todo o mundo anualmente, mas estima-se que esse número possa ultrapassar 1 milhão de casos, levando em conta as subnotificações. No Brasil, o número de pessoas que decide tirar a própria vida chega a uma média de 38 pessoas por dia, totalizando quase 14 mil casos por ano.
Mas é entre os jovens que a preocupação aumenta. Dados do Ministério da Saúde, divulgados em setembro de 2022, mostram que o suicídio é a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, superado apenas por acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal. A mesma pesquisa revela ainda um aumento alarmante nas taxas de mortalidade de adolescentes. Entre 2016 e 2021, houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, e um aumento de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos.
Com uma linguagem leve e despretensiosa, somos convidados a acompanhar a jornada de duas irmãs adolescentes que vivem em um lar desestruturado, mergulhadas em um mundo de amarguras, brigas e falta de amor. Por trás de uma linguagem trivial e aparentemente leve, a autora esconde uma triste realidade: a dor da depressão e a sensação de submissão que envolvem suas vidas.
As personagens permanecem sem nomes, com o objetivo de gerar uma associação entre as situações relatadas pelas personagens e inúmeras jovens que vivem cenários tão parecidos. Ao lançar luz sobre essa realidade frequentemente negligenciada pelas famílias e pela sociedade, a obra convida o leitor a refletir sobre comportamentos repetitivos e alertar para os sinais muitas vezes disfarçados de silêncio, reclusão e mudanças abruptas de conduta. No entanto, ao mesmo tempo em que denuncia essa crise, o livro também enfatiza a importância da prevenção e da criação de um ambiente favorável para que os adolescentes se sintam amparados e compreendidos.
A autora chama a atenção para os problemas que dão origem aos transtornos emocionais, que acabam levando os jovens ao suicídio. “Em mais de xx anos acompanhando jovens e adolescentes, é possível identificar desajustes familiares na maioria dos casos, evidenciando que a base dos transtornos que culminam na decisão de encerrar a própria vida frequentemente está relacionada à falta de suporte emocional e estrutura familiar, independentemente das diferenças culturais e geográficas”, complementa Cybele Meyer.
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